Nova Cartografia Social Da Amazônia

Reunião com o coordenador do PNCSA organizada pelo Grupo de Pesquisa e Laboratório Núcleo de Cartografia Social do Sul e Sudeste do Pará, na UNIFESSPA em Marabá


A “IV Semana de Recepção e Integração dos Calouros da Unifesspa” ocorreu no dia 02 de junho de 2017 no auditório da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. A atividade realizada pelas reitorias de ensino e extensão e, institutos contou com a presença do professor Alfredo Wagner Berno de Almeida, coordenador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – PNCSA, que proferiu palestra na mesa-redonda intitulada “Diversidade na Amazônia: universidade como território de disputa”.

Nessa ocasião o professor também se reuniu com professores da Unifesspa, representante de movimentos sociais, estudantes e pesquisadores do Grupo de Pesquisa (CNPq/UNIFESSPA) e Laboratório de Cartografia Social do Sul e Sudeste do Pará na Unifesspa. Destes também integrantes do Núcleo de Cartografia Social do Sul e Sudeste do Pará, ligado a rede de pesquisadores do PNCSA. Nesse momento, professores e alunos falaram sobre as atividades de pesquisa desenvolvidas na região. E no encontro com a presença da senhora Cledeneuza Bizerra, quebradeira de coco babaçu, foi apontado para as articulações de lançamento do mapa da região ecológica dos babaçuais. Elaborado a partir do “Projeto Cartografia Social dos Babaçuais: mapeamento social da região ecológica do babaçu”, em andamento desde 2014 e sob a coordenação geral da professora Jurandir Novaes (UFPA/PPGCSPA/PNCSA). Projeto este registrado no ICH/UNIFESSPA e PROPIT com o desenvolvimento do plano de trabalho “Mobilização política e práticas do cotidiano: Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu, Sudeste do Pará”, entre 2015 e 2016, através de bolsa de iniciação científica – CNPq.

Reunião realizada na Unifesspa no dia 02 de junho de 2017

Na reunião também se acenou para articulações que permitam a realização de atividades de pesquisa em colaboração e a formação de pesquisadores. Com a busca de parcerias com outras universidades e laboratórios de cartografia. Nesse sentido, o professor Alfredo Wagner assinalou para a participação no curso de cartografia que ocorrerá em São Luís do Maranhão em agosto de 2017 e que será ministrado por professor da Universidade do Texas, Estados Unidos. E, assinalado para a realização de disciplinas de alunos da Unifesspa no curso de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia – PPGCSPA, realizado na UEMA.

Além de terem-se iniciado as articulações para a colaboração de pesquisa com a atividade de campo na região. E, mais especificamente, em torno do Seminário Sociedade, Estado, Movimentos Sociais e Questão Agrária a ser realizado pela Educação do Campo (UNIFESSPA) entre julho e agosto de 2017. A atividade incluirá a Viagem de Pesquisa de Campo no tema “Dinâmicas Territoriais na Fronteira”, com a execução dos roteiros “Estado, processos de ocupação e experiências sociais”, percurso Marabá-Xambioá e “Estado, Processos Sociais e Mineração no Sudeste do Pará”, percurso Marabá-Canaã dos Carajás. Estas articulações de pesquisas também tem foco no corredor da mineração de Carajás e de uma análise dos impactos de grandes projetos no Brasil, Quênia e Moçambique. Com a integração dos professores Emmanuel de Almeida Farias Júnior (PPGCSPA/UEMA) e Sheila Borges Dourado, respectivamente, pelo Projeto “Nova Cartografia Social dos Efeitos de Megaprojetos e Políticas Governamentais de Infraestrutura e Investimentos na Amazônia e no Norte de Moçambique sobre Povos e Comunidades Tradicionais” e o Projeto “Brasil e Quênia: Uma perspectiva Comparada: Nova Cartografia Social dos Efeitos de Megaprojeto se Políticas Governamentais de Infraestrutura e Investimentos na Amazônia Brasileira e no Quênia”. Integram essa articulação o professor Rogerio Rego Miranda da faculdade de geografia e professores da faculdade de Educação do Campo (UNIFESPA).

Reunião no laboratório de cartografia social, na Unifesspa em 02 de junho de 2017

Participaram da reunião com o professor Alfredo Wagner, Cledeneuza Bizerra, quebradeira de coco babaçu; os professores Rogério Rego Miranda e Rita Silva da faculdade de geografia; as professoras do curso de ciências sociais Vanessa Frazão Lima e, Joseline Simone Trindade, coordenadora da FACSAD; a professora Valéria Moreira de Melo da faculdade de história; a professora Rita de Cássia Pereira da Costa, líder do Grupo de Pesquisa Núcleo de Cartografia Social do Sul e Sudeste do Pará (CNPq/UNIFESSPA) e pesquisadora do PNCSA. Francisco Oliveira, ex-alunos do curso de Educação do Campo/UNIFESSPA e membro do grupo de pesquisa e Maria Raimunda Barbosa, discente de Educação do Campo; Kamilla Oliveira Lopes, a discente de geografia. E Cristiano Bento da Silva, ex-aluno da UNIFESSPA, doutorando no PPGAS/UFPA e pesquisador do PNCSA.

Reunião realizada na Unifesspa no dia 02 de junho de 2017

O Núcleo de Cartografia do Sudeste do Pará e PNCSA a que se articula o laboratório tem realizado um conjunto de atividades a partir de relações de pesquisas estabelecidas junto as quebradeiras de coco babaçu, indígenas, assentados, acampados, quilombolas, e atingidos por obras no rio Tocantins. E tem como resultado materiais tais como mapas, fascículos e boletins, produzidos no âmbito do PNCSA, do “Projeto Mapeamento Social como Estratégia de Gestão Contra o Desmatamento e Devastação: capacitação de povos e comunidades tradicionais”, realizado entre 2011 e 2014 e do “Projeto Cartografia Social dos Babaçuais: mapeamento social da região ecológica do babaçu” realizado desde 2014.

Materiais produzidos no ambito do Projeto Mapeamaento Social /PNCSA, 2014

No âmbito da UNIFESSPA o laboratório e grupo de pesquisa têm realizado atividades de estudo, pesquisa, eventos com exposições, palestras, oficinas e articuladamente executado programas e projetos de extensão e atividades de ensino. Com a orientação de bolsistas de extensão e iniciação científica e de Trabalhos de Conclusão de Cursos. Na extensão realizou o Projeto Extensão “Língua em narrativas: território, práticas culturais e cosmologia Akrãtikatêjê” com a produção do filme Akrãtikatêjê (2016), objeto do Prêmio PROEX/UNIFESSPA de Arte e Cultura 2015. E desenvolve desde 2015 o programa de extensão de mesmo nome junto a aldeia Akrãtikatêjê. Além do Projeto “A valorização da língua dos Akrãtikatêjê: um enfoque na relação cantos e práticas rituais” com a produção do filme Akrãtikatêjê e os Cantos Gavião (2017), ganhador do Prêmio PROEX/UNIFESSPA de Arte e Cultura 2016.

Foto da Ascom da palestra proferida por Alfredo Wagner B. de Almeida na Unifesspa

Na palestra proferida no evento na UNIFESSPA o professor Alfredo Wagner Berno de Almeida iniciou com um apanhado acerca da constituição de um entendimento sobre a Amazônia, no final do século XX. Como um juízo coadunado à visão dos agentes sociais atrelados a natureza e noções do “biologismo”, “geografismo” e “determinismo”, críticas que remete a abordagem desenvolvida no livro de sua autoria intitulado Antropologia do Achivos da Amazônia. E noções que terminam por atribuir aos agentes sociais categorias desprovidas do protagonismo e das identidades coletivas que são afirmadas com advento da emergência dos novos movimentos sociais. E tais como o movimento dos seringueiros, das quebradeiras de coco babaçu e quilombola. Com essas considerações o professor Alfredo Wagner Berno de Almeida ressaltou a importância de que os próprios agentes sociais produzam reflexões e conhecimentos sobre as situações sociais que experimentam em situações de impactos e disputas na região. Sejam eles: as quebradeiras de coco babaçu, indígenas, sem-terra e impactados pela mineração.

Oficina de mapa com as quebradeiras de coco babaçu realizada no âmbito do Projeto Mapeamento Social, 2013

Na palestra o professor apontou para as interpretações e produções sobre a região. Abordando desde os estudos de comunidades, nos anos 50; passando pela produção científica dos anos 60 e os trabalhos realizados pelo Museu Nacional coma a chamada “turma do Brasil Central”. Apontou sobre os estudos de orientação no pensamento geográfico marcado pelos interesses públicos e privados na região, a que se apresenta como um campo de disputa e relações de poder, como exemplificou nas grandes famílias que litigaram pelos castanhais do sudeste do Pará. Destacou, além disso, as produções dos anos 80, realizadas pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e a Produção do Centro Agroambiental do Tocantins (CAT).

Também enfatizou que sua abordagem tratava-se de um esforço de devolver para o público uma exposição das leituras feitas sobre a região e frisou a importância de revisitar tais produções. E, seguidamente sugeriu à realização de um seminário, na UNIFESSPA, que buscasse reunir a “Turma do Brasil Central”. Compreendida de pesquisadores como Roque de Barros Laraia, Otávio Velho e Julio Cezar Melatti e Roberto da Matta. Proposta reiterada por ocasião da reunião que teve a Alfredo Wagner no Laboratório de Cartografia Social do Sul e Sudeste do Pará, na unidade III da UNIFESSPA, na tarde do dia 02 de junho. Essas discussões foram retomadas em reunião do dia 9 de junho 2017, no laboratório quando reiteram as articulações de pesquisa, de socialização de atividades e da proposta de organização do seminário.

Reunião no laboratório de cartografia social, na Unifesspa, dia 09 de junho de 2017

Rita de Cássia Pereira da Costa ( FECAMPO/UNIFESSPA/PNCSA)

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