Nova Cartografia Social Da Amazônia

Vitória! No Piauí, foi titulado o primeiro território de Quebradeiras de Coco Babaçu do Brasil


No dia 31 de março de 2021, no Palácio de Karnak, foi entregue o Título Definitivo de Propriedade Coletiva do Território Tradicional de Quebradeiras de Coco Vila Esperança, constituído de 1.219,485 hectares, uma área que abrange os partes dos municípios de Esperantina, Campo Largo do Piauí e São João do Arraial. Essa titulação é inédita, pois representa o representa o reconhecimento dos direitos territoriais das quebradeiras de coco babaçu como comunidade tradicional.

Em nome da Comunidade Vila Esperança, as quebradeiras Zilda Filomena da Silva (74 anos) e Valdirene Barros Conrado (34 anos) receberam o título das mãos de Regina Sousa, recém empossada governadora do Piauí, que tem como particularidade o fato de afirmar com orgulho que, na infância, ajudava os pais no roçado e quebrava coco babaçu em União, sua cidade natal.

A pesquisadora Carmen Lima participou da solenidade, a convite do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB. Sobre essa titulação a pesquisadora afirma que:

“É uma vitória histórica para as quebradeiras de coco Babaçu, pois representa o reconhecimento do direito territorial que elas possuem como comunidade tradicional. O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia vinha evidenciando isso em todas as cartografias que realizou em parceria com o MIQCB. Vale lembrar que a relação de pesquisa que desenvolvemos com as quebradeira tem sido muito muito eficaz. Em relação ao Piauí, destaco que no ano de 2005, publicamos o fascículo Quebradeiras de coco babaçu do Piauí; em 2018, o mapa Nova Cartografia Social dos Babaçuais e em 2019, o Boletim Povos do Cerrado. As pesquisas realizadas e estas publicações mostram as áreas de incidência da palmeira e a especificidade da relação das quebradeiras com os babaçuais. Através da nova cartografia social ficou evidente que o babaçu não é somente uma atividade produtiva e o MIQCB é mais que um grupo de mulheres. Estamos diante de uma comunidade tradicional admirável, resistente e que bravamente vem defendendo os babaçuais de todas as formas”.

Acompanhando a caravana do MIQCB, também estiveram presentes Elida Brito, docente do Instituto Federal do Piauí (IFPI) e Benoni Moreira, defensor público e membro do Grupo de Trabalho de Comunidades Tradicionais da Defensoria Pública da União (DPU). Ele faz a seguinte apreciação:

“Dia histórico para as quebradeiras de coco babaçu do Estado do Piauí. Quebradeira de coco assumindo o cargo de Governadora do Estado e, principalmente, o primeiro território titulado para uma comunidade tradicional de quebradeiras de coco babaçu. Parabéns para todas essas mulheres guerreiras. Que muitas outras comunidades conquistem a titulação de seus territórios!”

Após a entrega do título era visível a emoção das quebradeiras. Dona Chica afirmou: “Parece um sonho!” e dona Tereza não se conteve e começou a chorar. Foi de fato um momento histórico! Uma grande vitória para as quebradeiras de coco no Piauí. Essa titulação, segundo Helena, coordenadora do MIQCB, fortalecerá ainda mais a luta pela defesa dos babaçuais.

Quebradeiras de Coco Babaçu entrando no Palácio de Karnak, em Teresina (PI) – Foto: Korina Rodrigues – Adufpi.

Chica Lera e Helena com a governadora Regina Sousa – Foto: Korina Rodrigues – Adufpi.

Valdirene e Zilda, quebradeiras de coco babaçu que receberam o título em nome do Território Vila Esperança – Foto: Carmen Lima – PNCSA/UFPI.

Dona Zilda, do Território Vila Esperança, comovida com o título na mão – Foto: Carmen Lima – PNCSA/UFPI.

Helena (coordenadora do MIQCB – Piauí) e dona Tereza chorando de emoção – Foto: Carmen Lima – PNCSA/UFPI.

Caravana do MIQCB que participou da titulação com Carmen Lima (PNCSA/UFPI) – – Foto: Korina Rodrigues – Adufpi.

Carmen Lima (PNCSA), Helana, Sandra e quebradeiras do Território Vila Esperança – – Foto: Korina Rodrigues – Adufpi.

 

 

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