Nova Cartografia Social Da Amazônia

Mulheres Quebradeira de Coco Babaçu do sudeste do Pará, discutem sobre a Lei do Babaçu Livre, sustentabilidade e direitos em tempos de pandemia


No dia de 8 de março de 2022 aconteceu em São Domingos do Araguaia, Pará, a atividade com tema Mulher e Sustentabilidade Agroecológicas nos babaçuais: direitos em tempos de pandemia e o lançamento da Campanha Babaçu Livre, realizado pelas Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu e agricultoras ligadas ao Movimento Interestadual das Quebradeiras Coco Babaçu – MIQCB e ao Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – STTR.

As mulheres realizaram a abertura da atividade com uma mística com cantos apresentado pela encantadeira Iracema Vieira Félix, danças do grupo de mulheres quebradeiras de coco de Santo Antonino e, a apresentações dos grupos locais e lideranças.

A atividade contou com feirinha de produtos artesanais e derivados do recurso babaçu, como óleo, sabonetes, farinha de mesocarpo, entre outros. Além da demonstração da retirada da amêndoa com a lâmina fixada num suporte. E, o Lançamento da Campanha babaçu livre e apresentação do vídeo da campanha.

A programação contou a palestra “Mulher, Sustentabilidade socioeconômica e direitos em tempos de pandemia”, proferida pela professora Rita de Cássia Costa (Unifesspa/PNCSA/Articulafito). Em que fez uma explanação sobre o contexto da região sudeste do Pará frisando e da experiência dos agentes sociais, enfocando a sociobiodiversidade, e as quebradeiras de coco na relação com o território e os recursos naturais.

Tratou acerca dos impactos socioambientais provocados pelos grandes projetos e de parte da ação do Estado. Com reflexões no âmbito das práticas culturais e produtivas e dos saberes relacionados à sustentabilidade com a importância e da luta pela garantia de políticas públicas, da luta e demanda por direitos. Sobretudo, frente aos desafios e condições combinadas com o quadro da epidemia do coronavírus.

A palestra sobre a Lei Babaçu livre, da Câmara Municipal de São Domingos do Araguaia, Pará e da Lei Maria da Penha: uma discussão sobre violências e feminicídio no sudeste paraense, foi proferida pela advogada Cláudia Vieira (STTR). E, ressaltou sobre o aspecto da lei na relação com as demandas das quebradeiras de coco babaçu no uso dos recursos e do território. E, da alteração dos Artigos 1º e 4º, feito pelas quebradeiras de coco na Lei Babaçu, já aprovada na Câmara Municipal de São Domingos do Araguaia.

As Quebradeiras de coco babaçu finalizaram o evento com a realização de uma Roda de Conversa com autoridades municipais, representantes de órgãos institucionais, lideranças sindicais e das comunidades tradicionais como os ribeirinhos de Praia-Alta, Nova Ipixuna e em torno do Pedral do Lourenção. E, quebradeiras de coco da Palestina do Pará.

Frente às autoridades e lideranças convidadas Cledeneuza Bizerra de Oliveira, quebradeira de coco do MIQCB e presidente do STTR de São Domingos do Araguaia, ressalto a importância do momento de debate e de luta e, reiterou sobre problemáticas sociais e das dificuldades de enfrentadas para disponibilidade e acesso ao coco babaçu. Chamou atenção para a presença das autoridades na escuta de suas demandas, em ocasião que a programação contou com a realização da entrega de ofício com a solicitação de ratificação da Lei babaçu Livre e modificações nos artigos 1º e 4º. Reiterando sobre o direito de acesso aos babaçuais, o documento foi protocolado junto aos vereadores presentes, e assinada pela presidente da Câmara que participava da atividade.

A atividade em celebração ao dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, se marcou pela reflexão, reiteração das pautas de lutas e de um encontro e reencontro desde o início da pandemia do coronavírus. A partir das palestras e das falas trataram da das práticas produtivas, culturais, sustentabilidade, políticas públicas e direitos territoriais e da mulher. Com alerta para a compreensão e denúncia contra violências e o feminicídio.

Dona Cledeneuza Bezerra destacou a importância da atividade e, assinalou para o fato de sua luta como quebradeira de coco vir de anos, reconhecendo os desafios nesse percurso que ela e outras mulheres enfrentam. Reconhecendo as dificuldades para coleta do coco babaçu devido o acesso e as distâncias. Acerca das práticas das quebradeiras de coco babaçu ressaltou a importância da mulher na sustentabilidade e na preservação do meio ambiente. E, ainda, sobre a importância do babaçu como fonte geradora de renda e a influência dessa renda na independência financeira feminina. Bem como, de sua representatividade, seu papel perante a sociedade e pela inserção nos movimentos sociais.

A atividade foi acompanhada a partir do Laboratório e Grupo de Pesquisa Núcleo de Cartografia Social do Sul e Sudeste do Pará e Educação do Campo (Unifesspa/PNCSA). E, participou a professora Rita de Cássia Costa (Unifesspa/Labcassp), Vanda do Rosário (Labcassp) e, Albertina Lopes da Silva (IEDAR/Unifesspa), estudante de agronomia da Unifesspa. E, que participaram da  atividade em parceria às ações do projeto Articulafito da Fiocruz que vem desenvolvendo atividades junto a grupos indígenas, quebradeiras de coco babaçu, extrativistas do jaborandi e mulheres extrativistas da andiroba do GTAE, no sudeste do Pará.

 

Fotografia: Rita Costa

Texto: Rita de Cássia Pereira da Costa, Vanda do Rosário Oliveira, Albertina Lopes

 

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