Nova Cartografia Social Da Amazônia

1ª OFICINA DE AUTO CARTOGRAFIA DOS PESCADORES ARTESANAIS DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA DO ARARI, ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ


No dia 15 de setembro de 2021 foi realizada a primeira oficina de auto cartografia dos pescadores artesanais da Colonia de Pescadores Z-40, no rio Aranaí, município de Cachoeira do Arari na Ilha de Marajó. A partir de uma consciência para cumprir com as medidas de distanciamento social devido a epidemia de COVID-19, apenas 20 pessoas puderam participar da oficina neste primeiro momento. Dentre estes, pescadores e pescadoras de 4 comunidades: Aranaí, Chipaiá, Bacuri e Baixo rio Arari, representantes do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) da região Norte, membros da diretoria da Z-40, Anete dos Santos, atual secretária de educação e vice prefeita do município e Eliana Teles e Nelson Bastos do núcleo PNCSA do Campus Abaetetuba.

A senhora Sueli Miranda, secretária do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) iniciou os trabalhos, convidando todos a uma reflexão sobre a importância da natureza e seus recursos como um bem comum.

Pedro dos Santos, pescador e membro da CPP, o qual tem empreendido luta à frente do movimentos dos pescadores artesanais, desde os anos 1980, justificou o motivo da reunião:

Qual é o nosso desafio? Aqui nós falamos da pesca artesanal, mas nas comunidades, 80%, que fazem essa atividade de pesca é em mar aberto. E é onde estão as nossas dificuldades, porque é onde estão as nossas cruas, é onde estão os fundiador, os nossos rios, os nossos baixos, que nós chamamos de baixo aqui. Quais são os ataques predatórios que nós temos? E é esse nosso trabalho, esse novo passo que vamos dar. Aqui nós somos 5 agentes, então o grande desafio que nós temos enfrentado é: como é que a gente vai fazer esse enfrentamento. Por isso buscamos os parceiros. E nessas parcerias, um novo desafio pra essa nossa região, quando vai tratar da categoria dos pescadores e pescadoras artesanais. Encontramos essa porta aberta na Cartografia Social. (…)

Quais são os ataques hoje aos pescadores artesanais? Cadê os 65 lagos do Marajó, que estão em processo de extinção? Tudo isso era berçário e criadouro de peixes, tudo isso está dentro das terras dos arrozeiros. Por que, que dentro dos nossos rios não existe mais camarão? Quem é que faz a pesca predatória? Nós vamos ter que trabalhar não só esses ataques, mas vamos trabalhar essa consciência e é aí que mora o nosso desafio. Como a gente vai fazer acordo de pesca se não tem mais o rio? Como é que a gente vai preservar, resgatar uma natureza? Eu estou muito consciente do papel que nós temos que fazer. Agora, pra nós da Pastoral dos Pescadores fazer, é preciso que tenha o parceiro, que é lá, os moradores da comunidade. Porque daqui a pouco ninguém mais vai conhecer um tamuatá, um acará, uma taíra, um jacundá, uma paca-piranha. Quando eu falei lá no início da conversa, o amor dos nossos filhos, que nós temos que resgatar é essa preservação, para que nossos filhos possam sobreviver nesse ambiente e nesse território.

O senhor Lourenço Boução da Silva, o seu Manelis, atual Presidente da colônia Z-40, expressou a importância e o significado de fazer a cartografia do território, no ato de apresentação do croqui.

A importância da gente estar no mapa, é porque eu penso que tem uma segurança. É que se fala muito nos territórios, como eu falei, se a gente for vê, não existimos no mapa. Então quando se fala em construir o território, ele tem que ser visto em algum lugar. E essa é a importância. Não é ser conhecido, mas um documentário que diga que a gente existe. E acho que essa é uma das importâncias de estar no mapa.

O senhor Gilson da Silva Ribeiro finalizou dizendo:

“O importante é descrever aquilo que nos oprime.”

Redação: Eliana Teles

 

Da esquerda para a direita, Sueli Martins Miranda; à direita da foto, o senhor Pedro dos Santos, ambos membros da coordenação do CPP, com os demais membros da Colônia Z-40.

Da esquerda para direita, José Luís Moreira dos Santos, Cleiton Corrêa e Gilson Ribeiro. Foto: Sueli Miranda

Equipe do rio Aranaí: Ediana Tavares apresenta os detalhes do território no croqui. Foto: Sueli Miranda

Momento de apresentação dos croquis. Foto Sueli Miranda

Momento de apresentação dos croquis. Foto Sueli Miranda

Momento de apresentação dos croquis. Foto Sueli Miranda

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