Nova Cartografia Social Da Amazônia

MORRE UMA PALMEIRA, MUITAS PALMEIRAS CHORAM, MAS, PALMEIRAS NÃO MORREM


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Raimunda Gomes da Silva, “Dona Raimunda Quebradeira de Coco Babaçu”, 78 anos, Mulher de luta e resistência como tantas mulheres brasileiras que luta pela vida, pela política e, neste caso em especial, lutou pela terra, pelos babaçuais, pela defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras rurais da região do Bico do Papagaio, e, sobretudo pela defesa do agroextrativismo. Ah, Raimunda, de tantas Marias, de tantas vitórias, de tantas, Raimundas! Fostes palmeiras, lutou incansavelmente pela organização política das mulheres, contribuiu para organização das quebradeiras de coco babaçu, criando a MIQCB em 1991, atuante nos estados do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí. Também, foi uma das fundadoras da ASMUBIP, no Bico do Papagaio. Ativista, foi responsável pela Secretaria da Mulher Trabalhadora Rural Extrativista do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS). Trabalhadora rural, líder comunitária, lutou desde a década de 1980 para que as populações rurais, fossem assentadas e tivessem condições de produzirem seus alimentos, assim como, alimentar a população da cidade. Enfrentou, as intempéries e a política que ameaçava a vida das quebradeiras de coco. Lutou por políticas públicas, entre elas a lei do babaçu livre. Dona Raimunda, percebeu que era preciso lutar para construir, outro mundo: mais fraterno, mais solidário e mais igual. Entretanto, descobre também, que a sociedade é desigual e que seria necessário lutar para conquistar direitos. Assim, dedicou sua vida!

Raimunda, nos deixou! Morre no dia 07 de novembro de 2018, em sua residência, no assentamento Sete Barracas, São Sebastião, município do Bico do Papagaio, Tocantins.

Morre uma palmeira, chora muitas palmeiras. Mas, Palmeiras não morrem, deixam sua história, sua contribuição para outras palmeiras!

Vá em paz, mulher! Sua luta, será nossa bandeira!

NOVEMBRO, 2108,
Núcleo da Nova Cartografia social- UFT, Tocantinópolis.
Rejane Medeiros

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