Nova Cartografia Social Da Amazônia

Maria José Palhano


Maria José Palhano (11.08.1960-03.05.2020)

A quilombola da comunidade de São Francisco, território de Bom Jesus dos pretos, Lima Campos, senhora Maria José Palhano, falecida no dia três de maio de dois mil e vinte, construiu uma trajetória de luta no Movimento Social. Se contrapôs arduamente ao processo de implantação da empresa de propriedade de Eike Batista, intitulada OGX, no seu território étnico. Essa empresa, de exploração de gás natural, trouxe graves impactos para as comunidades que compõem o território de Bom Jesus dos Pretos. Dentre os efeitos deste projeto destaca-se a perfuração dos quintais das famílias; uma intensificação da circulação de veículos e um aumento brutal da temperatura ambiente.

Maria José Palhano esteve na coordenação da Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (ACONERUQ), atuando em defesa dos direitos quilombolas. Chegou a ser ameaçada de morte em função da sua luta contra a OGX.

A quilombola, referência no movimento negro do Estado, atuou como professora, diretora da Fundação Palmares de São Luís e como membro do Conselho Estadual de Educação do Maranhão (CEE).

Atualmente a senhora Maria José Palhano morava com seu filho, Ramilson Palhano no Bairro Vila do Povo, próximo ao Maiobão. Com uma internação prolongada em função de um câncer seus problemas de saúde foram agravados por ter contraído o COVID -19.

Segue o depoimento da atual coordenadora da ACONERUQ, senhora Nice Machado Aires sobre a senhora Maria José Palhano:

“Ela nunca deixou um vazio no Movimento Negro”

Quero falar um pouco sobre o falecimento da companheira Maria José Palhano, uma pessoa muito importante para nós do Movimento Negro. Ela foi a primeira mulher presidente da ACONERUQ, foi presidente por dois mandatos. Ela faleceu e está deixando uma vaga dentro da ACONERUQ, como mulher, negra e guerreira. Ela contribuiu muito com a luta do Movimento Negro dentro do Estado do Maranhão. Então foi uma perda muito grande porque foi a primeira mulher quilombola dentro do movimento como presidenta da ACONERUQ. Sabemos que quando as mulheres ocupam um lugar sempre vem um racismo, um preconceito. Não foi fácil durante o mandato dela, ela assumiu dois mandatos e foi uma guerreira, corajosa, pé no chão e nunca deixou vazio o Movimento Negro. Nice Machado Aires, Coordenadora Geral da ACONERUQ, quilombola de Penalva.

Artigo anteriorVídeo: A Relação entre Pandemia, o Processo de Recuperação da Autoridade Científica e da Autoridade da Universidade - Alfredo Wagner Próximo artigoA DOR INVADIU OS ARTISTAS EM SÃO LUÍS (MA): A ARTE PERDEU O MESTRE DRAMATURGO LUIZ PAZZINI