No dia 11 de maio de 2018 o Instituto Nangetu, de tradição afro-religiosa e desenvolvimento social, localizado na cidade de Belém do Pará ligado ao terreiro dirigido por Mametu Nangetu de tradição bantu Angola foi invadido e saqueado. Mãe Mametu e o Bàbá Yrapuan foram covardemente rendidos e agredidos por 05 (cinco) assaltantes armados, que furtaram um automóvel, 2 TVs e 3 aparelhos celulares.
Mais uma vez o alvo de invasão, de ataque e de violência foi um templo que demarca historicamente sua resistência sociocultural, sacra, étnica e sua territorialidade afro em uma cidade cada vez mais tomada por milícias e extermínio ao povo negro. Além do racismo religioso que espantosamente se recria com toda força, desde o golpe de 2016 os grupos políticos que assumiram o país estão compromissados em não somente retirar direitos dos povos, mas sobretudo, atuam em uma prática de genocídio e genocídio para com os povos indígenas, comunidades tradicionais, povos de terreiro de matriz afro-religiosas, mulheres negras e comunidade LGBT.
É importante lembrar que foi nesses tempos sombrios de golpe e “Estado de Exceção” de perda de direitos, extermínio étnico-racial às comunidades tradicionais que perdemos tragicamente o mestre Banjo, conhecido como Nego Banjo no Estado do Pará, o qual foi assassinado no dia 30 de setembro de 2016, depois ser alvejado três vezes por um meliante que tentou lhe assaltar próximo de sua casa, em Belém. E resistir é questão para além de sobrevivência, mas, sobretudo, garantia de vida e de direitos para quem estes povos continuem existindo.
O Instituto Nangetu, dirigido por Mametu Nangetu, tem sua trajetória histórica marcada na luta dos direitos dos povos de matriz afro-religiosa e, também, esteve à frente do primeiro mapeamento dos afro-religiosos em Belém do Pará, coordenado pelo PNCSA, que contribui para visibilizar as comunidades tradicionais de matriz africana, bem como combater o preconceito, a intolerância religiosa e até mesmo a repressão do Estado.
É nesse sentido que o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA) vem somar o campo de forças, de apoios, resistência, de luta e solidariedade à comunidade Mansu Nangetu e a Mametu Nangetu que tem incansavelmente trabalhado em prol da memória, dos patrimônios cultural, territorial e dos direitos dos povos de terreiros em Belém do Pará. Como uma vez ela nos relatou vivemos em um “quilombo urbano”, ou seja, o tempo todo se faz urgente a luta e a defesa de nosso “território”. E assim, também, cobramos para que as autoridades do Estado façam valer as providências necessárias referente à invasão ao terreiro e outros crimes cometidos no templo no dia 11 de maio de 2018.
Pesquisadores e movimentos sociais articulados no Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – PNCSA