Nova Cartografia Social Da Amazônia

Lançamento do livro GAMELA, AKROÁ-GAMELLA: ETNICIDADE, CONFLITO, RESISTÊNCIA E DEFESA DO TERRITÓRIO


No dia 08 de setembro de 2022, foi realizado o lançamento do e-book “GAMELA, AKROÁ-GAMELLA: ETNICIDADE, CONFLITO, RESISTÊNCIA E DEFESA DO TERRITÓRIO” durante o seminário virtual, com a participação de lideranças indígenas, pesquisadoras/es e representantes de diversas instituições tais como Edna Goulart (Direção do Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL/UFPI), Patrícia Portela (Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia /UEMA e Diretoria da Associação Brasileira de Antropologia – ABA), Cícero da Silva Sousa (Chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional Nordeste II da Funai), Julinete Castelo Branco (Diretoria da Associação dos Docentes da Ufpi – ADUFPI), Benoni Moreira (Defensoria Pública da União – DPU) e Daniel Ribeiro (Assessor Jurídico do CIMI Nordeste).

A programação foi constituída de mesa de lançamento do livro e três mesas temáticas, nas quais os autores apresentaram uma síntese dos capítulos que escreveram. Todo o evento foi transmitido pelo Canal Youtube Roda dos Povos UFPI, onde permanece disponível para quem desejar assistir.

O e-bolk é uma publicação do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – PNCSA / Edições Uema, organizada por Carmen Lúcia Silva Lima e Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento, que fazem parte do Laboratório do PNCSA/UFPI.  Trata-se de uma produção multidisciplinar e interinstitucional constituída de oito artigos e duas entrevistas, que refletem sobre a situação dos povo que se auto denomina simultaneamente de Gamela e Akroá Gamela nos estados do Piauí e Maranhão.

O professor Alfredo Wagner Berno de Almeida, coordenador geral do PNCSA, escreveu o prefácio e afirma que “Esta coletânea está sendo dada a público exatamente duzentos anos depois dos registros dos contra-ataques dos Gamela e Timbira face à violenta expansão das grandes plantações de algodão e cana-de-açúcar e também das fazendas de gado sobre suas terras nos vales dos rios Itapecuru e Parnaíba1 e no cerrado piauiense. Evidenciando que a história não se trata de uma repetição, não obstante as supostas evidencias de um concreto aparente, os artigos e as entrevistas com lideranças Akroá Gamella, que compõem esta coletânea, enfatizam os fatores intrínsecos ao processo de lutas destes indígenas, no tempo presente, nestas regiões do Piauí e Maranhão”.

Carmen Lúcia Silva Lima destaca que “o livro representa a continuidade da relação de pesquisa estabelecida pelo Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia com os Gamela/Akroá Gamella. A situação deste povo foi cartografada no ano de 2020 e publicada no boletim “Indígenas Gamela no Cerrado Piauiense” (http://novacartografiasocial.com.br/download/01-indigenas-gamela-no-cerrado-piauiense/), que contém um mapa dos conflitos vivenciados por este povo. O boletim favoreceu a visibilidade desta coletividade, contudo, os ataques se intensificaram no contexto da pandemia, sendo necessário dar continuidade ao registro destas ocorrências que evidenciam a violação dos direitos indígenas”.

O cacique James Gamela, residente na aldeia Barra do Correntim, em Bom Jeusus / Pi, afirma que a realização da cartografia ajudou no embate contra os grileiros e os fazendeiros do agronegócio. Ele manifesta gratidão ao PNCSA, pois “com a cartografia eles passaram a temer e agora sabem por onde foi mapeado e por onde passa o nosso direito”.

Mercês Akroá Gamella, que também é coordenadora da CPT, agradeceu a realização da cartografia e a publicação do livro. Afirmou que “a construção desse livro é muito importante para o enfrentamento que fazemos, pois é um documento que traz o registro da existência do nosso povo. É uma oportunidade de contarmos a nossa história e a nossa luta pela vida”.

Kum tum Akroá Gamella destaca que “o livro garante o nosso direito fundamental de nós dizer quem nós somos. O que nós somos são as nossas raízes ancestrais que carregamos e nos carregam. Se não fosse isso eu não estaria aqui. É uma forma da gente enfrentar o apagamento, a invisibilidade, a negação e o silêncio que nós foi imposto…a cartografia é um meio, não é um fim. Ela serve para ajudar a gente continuar a luta. Um livro como esse, com muitas vozes, com muitas experiências, é uma ferramenta importantíssima na luta que fazemos com nossos corpos e com os Encantados”.

O livro está disponível em (colocar o link de acesso)

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