Nova Cartografia Social Da Amazônia

CARTA DE APOIO AO INSTITUTO MANSU NAGENTU


Na foto Mãe Mametu Nangetu, no centro com vestimenta branca rodeada (esquerda) de Maria do Carmo Cuimar (Quilombo São Bernardino, Jambuaçu – Moju) Luzia Behanha (Beth ) Alcântara (Quilombo Mangueira, Salvaterra), Leonardo dos Anjos, (quilombos de Alcântara) e direita Sr. Emilio Munduruku) (foto em Belém, em 2013)

No dia 11 de maio de 2018 o Instituto Nangetu, de tradição afro-religiosa e desenvolvimento social, localizado na cidade de Belém do Pará ligado ao terreiro dirigido por Mametu Nangetu de tradição bantu Angola foi invadido e saqueado. Mãe Mametu e o Bàbá Yrapuan foram covardemente rendidos e agredidos por 05 (cinco) assaltantes armados, que furtaram um automóvel, 2 TVs e 3 aparelhos celulares.

Mais uma vez o alvo de invasão, de ataque e de violência foi um templo que demarca historicamente sua resistência sociocultural, sacra, étnica e sua territorialidade afro em uma cidade cada vez mais tomada por milícias e extermínio ao povo negro. Além do racismo religioso que espantosamente se recria com toda força, desde o golpe de 2016 os grupos políticos que assumiram o país estão compromissados em não somente retirar direitos dos povos, mas sobretudo, atuam em uma prática de genocídio e genocídio para com os povos indígenas, comunidades tradicionais, povos de terreiro de matriz afro-religiosas, mulheres negras e comunidade LGBT.

É importante lembrar que foi nesses tempos sombrios de golpe e “Estado de Exceção” de perda de direitos, extermínio étnico-racial às comunidades tradicionais que perdemos tragicamente o mestre Banjo, conhecido como Nego Banjo no Estado do Pará, o qual foi assassinado no dia 30 de setembro de 2016, depois ser alvejado três vezes por um meliante que tentou lhe assaltar próximo de sua casa, em Belém. E resistir é questão para além de sobrevivência, mas, sobretudo, garantia de vida e de direitos para quem estes povos continuem existindo.

O Instituto Nangetu, dirigido por Mametu Nangetu, tem sua trajetória histórica marcada na luta dos direitos dos povos de matriz afro-religiosa e, também, esteve à frente do primeiro mapeamento dos afro-religiosos em Belém do Pará, coordenado pelo PNCSA, que contribui para visibilizar as comunidades tradicionais de matriz africana, bem como combater o preconceito, a intolerância religiosa e até mesmo a repressão do Estado.

É nesse sentido que o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA) vem somar o campo de forças, de apoios, resistência, de luta e solidariedade à comunidade Mansu Nangetu e a Mametu Nangetu que tem incansavelmente trabalhado em prol da memória, dos patrimônios cultural, territorial e dos direitos dos povos de terreiros em Belém do Pará. Como uma vez ela nos relatou vivemos em um “quilombo urbano”, ou seja, o tempo todo se faz urgente a luta e a defesa de nosso “território”. E assim, também, cobramos para que as autoridades do Estado façam valer as providências necessárias referente à invasão ao terreiro e outros crimes cometidos no templo no dia 11 de maio de 2018.

Pesquisadores e movimentos sociais articulados no Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – PNCSA

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