Aconteceu a Conferência Internacional de Mapeamento Cultura: Comunidades, Sites e Histórias, em Coimbra, Portugal, nos dias 28, 29 e 30 de maio. Nela, várias abordagens foram exploradas, caracterizadas como alternativas à elaboração de mapeamentos em contexto de cidade e metrópoles no plano internacional. As plenárias foram feitas, no turno matutino, no prédio do curso de Matemática, e as apresentações de trabalhos científicos foram realizadas, no turno vespertino, distribuídas nas salas, de acordo com os temas.

De acordo com essa dinâmica, foram apresentados projetos internacionais e regionais, com iniciativas de atividades acadêmicas e artísticas de universidades, institutos politécnicos, de grupos de artes e escolas de artes. O objetivo geral, considerando as apresentações nos grupos de trabalho, foi elabora propostas de criação de uma rede artística, social e acadêmica de diferentes cidades na região central de Portugal, e,  no sentido estrito, o objetivo foi montar projetos de arte de intervenção em cada cidade. Desta forma, no prédio do curso de matemática, foram abordados temas que convergem para o “fazer investigação artística visível”, por representes de grupos de pesquisas, ligados a artes e a mapeamentos “culturais”. Durante as plenárias pela manhã, o “mapeamento cultural”, como é conhecido nesse meio acadêmico, foi associado com práticas de planejamento técnico-profissionais. Numa configuração atual, essa prática começa a representar, nas últimas décadas, abordagem epistemológica multidisciplinar, em áreas disciplinares, levando a repensar as concepções “tradicionais” de mapas, considerando metodologias, perspectivas e objetivos mais recentes e com caráter de ruptura com modelos ultrapassados, na medida em que o próprio mapeamento cultural vai sendo analisado.

Com essa perspectiva de reflexão, na tarde, as 14:00 do dia 29 de maio, foram apresentados, na sala 1, do  CES,  trabalhos de mapeamento “cultural” e contextos específicos, no plano internacional. Entre estes trabalhos, os pesquisadores e doutorandos do Programa de Pós-graduação em Sociedade na Amazônia/UFAM apresentaram o Painel com o tema Nova Cartografia Social da Amazônia, sob a orientação do professor Doutor Alfredo Wagner Berno de Almeida, o qual participou da mesa de debate. Assim, o doutorando Glademir Sales dos Santos, apresentou o artigo intitulado Processos diferenciados de territorializações dos indígenas em Manaus. Outro, na sequência, foi apresentado pela doutoranda Helen Catalina Ubinger, com o título Conflitos socioambientais na terra indígena Tenharim no sul do Amazonas. Depois, o professor Doutor Alfredo Wagner Berno de Almeida apresentou o artigo Os movimentos indígenas e a autoconsciência cultural: diversidade linguística e identidade coletiva. Após as nossas apresentações, houve arguições dos participantes, enfocando a relação etnicidade e Estado.

O caráter interdisciplinar da conferência compreendeu uma partilha de experiência de pesquisas em áreas afins, envolvendo arquitetura e urbanismo, geografia, sociologia, política cultural e de planejamento. Da nossa parte, foi pertinente a proposição de que, nos processos de pesquisa e estudos, convém o envolvimento das unidades associativas (“comunidades”, “aldeias”, “associações”, “grupos sociais”), que dispõem de uma dinâmica de pertencimento, de autodefinição e de criatividade na elaboração de proposições e questionamentos, baseadas nas suas demandas com referência de reconhecimento e de resistência, situações que são visibilizadas no mapeamento situacional, como fator adscrito à etnografia. Estes processos diferenciados de organização sociocultural são fatores decisivos no processo de relações que envolvem pesquisa, administração e planejamento público para superar os desafios da vida nas cidades.

A conferência destacou a arte visual e as pesquisas com imagens virtuais e fotográficas, ligando-as ao processo de produção de conhecimento das ciências sociais. Nosso destaque, como equipe de pesquisadores, a partir do contexto destes povos, cujo campo empírico convida-nos a uma releitura da epistemologia na pesquisa de campo. Assim, as apresentações dos artigos, na secção de apresentação dos pesquisadores e doutorandos da Universidade Federal do amazonas, sob a orientação do Professor Doutor Alfredo Wagner Berno de Almeida, promoveram um debate em torno de dois aspectos de pesquisa como práticas substantivas dos agentes sociais que produzem seus meios de visibilidade das formas organizativas, tais como: i) a participação e envolvimento das “comunidades” especificamente no contexto dos novos sistemas de tecnologias digitais; ii) registro dos lugares das identidades especificas e localidades, enfatizando suas formas pelas quais os agentes atribuem valores fundamentados em experiências partilhadas. Esses aspectos foram pontos sintetizados nas arguições dos participantes, a partir de questões que referendaram a relação entre etnicidade e Estado, procedimentos de pesquisa e agentes financiadores, oficina de mapas situacionais e pesquisadores do Projeto Nova Cartografia social da Amazônia (PNCSA), relação dos agentes sociais e pesquisadores, poder e identidades pluriétnicas.

Por Glademir Sales dos Santos.