Nova Cartografia Social Da Amazônia

VII Colóquio Internacional de Povos e Comunidades Tradicionais é realizado no Norte de Minas Gerais


VII Colóquio Internacional de Povos e Comunidades Tradicionais é realizado no Norte de Minas Gerais

Aconteceram entre 09 e 13 de setembro, no campus da Unimontes, em Montes Claros, e no quilombo da Lapinha, no município de Matias Cardoso, em Minas Gerais, as diversas atividades do VII Colóquio Internacional de Povos e Comunidades Tradicionais sob o tema Primavera dos Povos rumo à COP 30: Ancestralidade, Justiça Climática e Direitos Territoriais.

O evento ocorre a cada dois anos e em 2024 recebeu mais de 600 inscritos, entre pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e representantes de povos e comunidades tradicionais: geraizeiros, quilombolas, vazanteiros, povos indígenas, povos de terreiro, quebradeiras de coco babaçu, caatingueiros, vacarianos, entre outros. Organizado pelo PPDGS – Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Social e NIISA – Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental da UNIMONTES (Universidade Estadual de Montes Claros) e pelo Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, o Colóquio contou com apoio e participação de diversas instituições, movimentos sociais e outros coletivos. A programação da sétima edição foi composta de mesas redondas, oficinas, espaços de diálogo,  reuniões pré-colóquio, premiações artísticas, feira gastronômica e de artesanato e programação cultural, sendo a primeira etapa realizada no campus da Unimontes. 

O NIISA/UNIMONTES está à frente do Núcleo Minas Gerais da Rede de Pesquisa Nova Cartografia Social e integra, juntamente com os grupos: Núcleo de Estudos em Agroecologia e Nova Cartografia Social (NEA/UFRB), o Grupo de Pesquisa em Ecologia Humana (GPEHA/UNEB); o Laboratório de Estudos sobre Ação Coletiva e Cultura (LACC/UPE), o Grupo de Pesquisa Etnologia, Tradição, Ambiente e Pesca Artesanal (ETAPA/UFRN) e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (UFES), a coordenação dos projetos: “Nova Cartografia Social de Comunidades Quilombolas do Nordeste: Fortalecimento de Centros de Ciências e Saberes” e “Articulação de saberes, resistência e impactos de grandes empreendimentos em comunidades tradicionais na BA, RN, PE, MG e ES”, com o apoio da Fundação Ford e do CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

A segunda etapa do VII Colóquio aconteceu na Comunidade Quilombola da Lapinha, a 275 km de Montes Claros, com a presença de aproximadamente 350 pessoas. No Quilombo da Lapinha pudemos vivenciar a luta e resistência das comunidades tradicionais na região mineira da Bacia do São Francisco. Visitamos a Fazenda Casa Grande, área de retomada do território tradicional, em que a comunidade vive um conflito com a Empresa Fazendas Reunidas do Vale do São Francisco (FAREVASF) e o Governo do Estado de Minas Gerais, com destaque para o Instituto Estadual de Florestas (IEF). 

No encerramento do VII Colóquio foram lidas as cartas e as moções de apoio, inclusive o documento oficial do evento, a Carta da Lapinha. As articulações locais e internacionais que se estabeleceram ali seguirão reunindo uma diversidade de pessoas de todo o Brasil, da África, da Europa e da América Latina. 

A Comunidade da Lapinha resiste bravamente, mesmo com suas lideranças e território sob ameaças e todo tipo de pressão. O Colóquio deixa uma mensagem muito clara de união e disposição para a luta pelo bem viver, pela titulação das terras tradicionais e pela manutenção de modos de vida sustentáveis diante de uma natureza devastada pela ação humana, pelo avanço predatório do agronegócio, da mineração e do modelo de produção energética. O Brasil já vive os efeitos extremos das alterações climáticas, com secas, enchentes e queimadas bastante recorrentes, tornando urgente um modo de habitar a terra mais harmônico com a natureza. E sobre isso temos muito a aprender com os povos e comunidades tradicionais.

 

Sheilla B. Dourado e André L.O. P. Souza

Imagens: André L.O.P. Souza

 

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