Nova Cartografia Social Da Amazônia

Trabalho de campo na Aldeia Indígena Akrãtikatêjê: revisão de livro, registros sobre a formação de jovens e sobre Política de formação linguística


A aldeia indígena Akrãtikatêjê realizou nessa segunda semana de maio atividades especiais com a apresentação de trabalhos acadêmicos de jovens que culminaram seu processo educativo na Turma do Projeto Mundiar. Esses estudantes completam em 18 meses o ensino Médio. A visita na aldeia permitiu acompanhar as apresentações públicas, feitas por jovens que revelavam empenho, firmeza e dedicação. A banca de examinadores, integrada por professores indígenas e não indígenas, fez comentários junto com a professora Loide de Souza, orientadora, destacando a qualidade dos trabalhos apresentados, que denominaram “Mini-TCC”.

No acampamento é realizada a defesa dos “Mini-TCC”, acompanhada por estudantes e convidados.

A cacique Tônkyre Akrãtikatêjê (Kátia Silene Valdenilson) acompanhou as sessões e fez comentários convergentes sobre a política de formação do seu povo, inspirado no Cacique Payaré. Ela também informou sobre o grupo de estudantes universitários indígenas que fazem graduação na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA, a maioria, enquanto outros cursam na Universidade Estadual do Pará – UEPA, Na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Marabá – FACIMAB e na Faculdade Carajás, estas duas últimas, universidade particulares. A propósito do Ensino Médio informou Kátia Silene que na aldeia está em funcionamento o Ensino Médio. Nele lecionam vários jovens em fase avançada de estudos universitários que ministram disciplinas de sua formação para as turmas de estudantes na aldeia.

As aulas do Projeto Mundiar assim como as de ensino fundamental e de formação linguística são realizadas na casa onde morava o Cacique Payaré

Na parede é afixado o quadro onde está escrito “Escola de Ensino Fundamental Rônôre Kapêre Temêjakrekatê Akrãtikatêjê “, e do lado direito, os números na língua Parkatejê (Jê).

A turma do Projeto Mundiar assiste aulas na casa, onde viveu o Cacique Payaré. E nessa mesma casa são ministradas semanalmente aulas da língua Parkatêjê (Jê) para os professores kupên, e para indígenas não falantes. Tuane Barros e Tuane Elizabeth, professoras de ensino fundamental nos receberam, junto com as crianças relatou sobre esse sistema de aprendizagem, que inclui lições de música e canto, e na sexta- feira o intensivo de ensino da língua, tendo como professora a Cacique Kátia Silene.

Sala da Escola onde se encontram os mapas elaborados durante as oficinas da Nova Cartografia Social e materiais diversos.

As pesquisadoras Jurandir Novaes e Rosa Acevedo estiveram na aldeia para realizar a revisão do texto do livro intitulado “Payaré, Cacique dos Akrãtikatêjê”, conferindo transcrição e palavras, assim como a seleção de fotos e elaboração das legendas das mesmas. Nessa atividade colaboraram Kátia Silene e seu filho, Penpkoti Hompryti Valdenilson.

No final do dia 9 de maio, as pesquisadoras acompanharam, a convite de Kátia Silene, a palestra sobre Economia Indígena, disciplina do curso de Economia da UNIFESSPA no qual participaram Katia Silene, Penpkoti Hompryti Valdenilson e um indígena Xicrin. A exposição apresentou os projetos agrícolas (cultivos de milho, arroz, banana, frutas diversas); extrativos (castanha, madeira, açaí); criatório de peixe, aves e apicultura, também sobre a cooperativa organizada na aldeia. A organização de cada Projeto trouxe o relato sobre os modos de vida, de trabalho, de troca e as lutas e desafios diante de ameaças externas diversas.

Texto: Rosa Acevedo e Jurandir Novaes.
Fotografias: Jurandir Novaes.

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