A exposição “Saberes Tradicionais e Etnografia” continua com a sua programação de palestras e seminários e filmes aberta ao público de terça a sábado no horário de 9:00 às 12:00 e 14:00 às 18:00. Além do público acadêmico a exposição tem recebido alunos de 2° grau e agentes sociais de comunidades.
A Exposição Saberes Tradicionais e Etnografia é resultado de trabalhos de pesquisa referidos ao Projeto “Centro de Ciências e Saberes”, realizado através do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, Museu de Astronomia e Ciências Afins e as universidades estaduais, do Amazonas e do Maranhão; nesta última, conta notadamente com professores e alunos do Mestrado em Cartografia Social e Política da Amazônia.
Prevista para ocorrer entre os dias 06 de abril e seis de maio de 2016, essa Exposição presta homenagem a Raimundo Lopes pelo centenário de Torrão Maranhense, Roger Casement pelo centenário de sua morte trágica e à antropóloga Lygia Sigaud que organizara a Exposição Lonas e Bandeiras no Museu Nacional em 2002.
A Exposição recebeu a visita do Embaixador da Irlanda Brian Glynn no último sábado, 23 de abril de 2016, que tem acompanhado de forma sistemática as escassas iniciativas de registro do centenário da execução de Roger Casement. Autor de Amazon Journal, Casement descreveu em Relatório, de 1909, as arbitrariedades praticadas contra os indígenas que extraiam latex da borracha no Rio Congo, África, e, em 1913, em rios da Amazonia (que cortam Peru, Colombia e Brasil) e que permitiu a Vargas Lhosa escrever “El sueno del Celta”. Casement foi condenado como espião pelo Império Britânico e foi executado em 1916.
Durante a visita o embaixador percorreu cada uma das situações expostas em banneres, fichas de referência e objetos acompanhado dos pesquisadores do Projeto Centro de Ciências e Saberes. Os pesquisadores procediam a explicações relativas a situação de cada um dos povos e comunidades participantes da exposição.
Após a visita à Exposição que apresenta coleções organizadas por povos e comunidades tradicionais foram expostos vídeos sobre o museu Casa Branca em Imperatriz e o filme Paralelo 10. As projeções foram assistidas pelos pesquisadores, o Embaixador, representantes institucionais da UEMA, discentes do Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia e de povos e comunidades tradicionais.
Na ocasião ocorreu uma mesa redonda intitulada “Saberes Tradicionais e Etnografia: revisitando Roger Casement”, composta por Brian Glynn, Durval Tremembé, Rosa Torres Tremembé, Alfredo Wagner e Cynthia Martins. O Embaixador expos sobre a trajetória de Roger Casement, cônsul britânico no Brasil de 1906 a 1913 ressaltando a relevância de seu trabalho para a compreensão dos conflitos vivenciados na Irlanda e da própria independência desse país, colônia Britânica até o ano de 1919. Durval Tremembé explicitou os conflitos vivenciados pelos Tremembé e os sucessivos deslocamentos do seu povo de Almofala (CE) para a Raposa (MA). Explicitou sobre a montagem da exposição, falando sobre cada um dos objetos e seus significados, relacionados aos saberes e fazeres da pesca, agricultura e outras atividades. Rosa falou sobre a dificuldade no reconhecimento da identidade Tremembé e como a definição institucional, ao associá-los aos pescadores dificulta a afirmação do pertencimento a identidade Tremembé. O professor Alfredo Wagner estabeleceu relações entre os conflitos vivenciados na Irlanda, o trabalho Casement no Peru e os conflitos referidos a implantação de grandes projetos. Cynthia Martins explicitou sobre os procedimentos de montagem da exposição e sua relação com a etnografia.
Ao fim da Mesa Redonda, a apresentação do Grupo Mara Crioula encerrou as atividades do dia na Casa do Maranhão.