No dia 31 de março de 2017 teve início a programação dos visitantes de Quênia no Pará com a reunião convocada no mini-auditório do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará. O grupo de visitantes integrado por Johanna Wanjala, Hilary Ogina K’Odieny e Samuel Owuor foram recebidos pela profa. Mirleide Chaar Bahia – Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (PPDSTU) e pelo Prof. Hisakhana Corbin, Vice-Coordenador do PPPDSTU.
Seguido à abertura, foi feito breve resumo sobre os objetivos do Projeto “Cartografia Social e Treinamento Técnico de Pesquisadores e Movimentos Sociais em Quênia e Brasil” por Rosa Acevedo. Logo procedeu-se à apresentação individual dos participantes e, posteriormente, os professores Mirleide Chaar Bahia e Hisakhana Corbin abordaram a trajetória do NAEA com 44 anos de atividades de formação acadêmica pós-graduada, pesquisas e publicações. O professor Samuel Owuor, coordenador do Departamento de Geografia e Estudos Ambientais, apresentou essa unidade acadêmica da Universidade de Nairobi e sinalizou convergências de disciplinas e de construção interdisciplinar e temas de pesquisa.
A segunda parte da reunião foi dedicada às exposições sobre os trabalhos do Projeto Nova Cartografia Social no Pará. Jurandir Novaes destacou atividades de mapeamento social em articulação com agentes sociais que produzem políticas identitarias e mobilizações sociais nas duas últimas décadas em Belém. Os resultados dessa etapa inicial estão publicados na série “Movimentos sociais e conflitos nas cidades da Amazônia”. Essas identidades coletivas são diversas: indígenas, afro-religiosos, feirantes, moradores de bairro, de ilhas; homossexuais, catadores e tem como ponto de convergência a mobilização por direitos territoriais, étnicos, por liberdade de crenças e orientação sexual. A nova cartografia social dialoga com essa pluralidade e divulga as reivindicações dessas categorias face ao Estado.
Os trabalhos do Projeto Nova Cartografia Social realizados no Baixo Amazonas foram expostos por Solange Gayoso que destacou os fascículos, boletins, cadernos e mapas produzidos sobre realidades localizadas de conflitos nas quais antagonizam indígenas, quilombolas, pescadores e ribeirinhos com projetos econômicos e energéticos implantados na região.
A equipe de Quênia frisou o interesse em direitos territoriais e étnicos os processos de produção cartográfica. A questão exposta: como se chega aos mapas? Os pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social enfatizaram a particularidade de alguns estudos feitos. Thiago Alan Guedes Sabino e Eliana Teles ilustraram as práticas de pesquisa com a cartografia com os extrativistas do rio Cajari, Amapá e os quilombolas de Curralinho. Croquis, fascículo e mapas são resultados de combinações de um trabalho que envolve profundamente o grupo que se define por produzir sua auto-cartografia e a politizar as situações sociais experimentadas.
Por último, Rosa Acevedo referiu rapidamente a cartografia na Pan-Amazônia, precisamente, a realizada com os Arowaka na Guiana Francesa, a qual representou uma proposição de tradução pelo próprio coletivo e a publicação em três línguas. Indicou essa experiência como uma possibilidade da cartografia no Quênia com várias línguas faladas.