No dia 03 de outubro de 2015 aconteceu o lançamento do fascículo 5 “Quebradeiras de Coco Babaçu e Agroextrativistas, Sudeste do Pará” realizado através do “Projeto MAPEAMENTO SOCIAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO TERRITORIAL CONTRA O DESMATAMENTO E A DEVASTAÇÃO: Processo de Capacitação de Povos e Comunidades Tradicionais”. O mesmo resulta de um conjunto de atividades de pesquisa e acompanhamento das situações sociais de quebradeiras de coco babaçu, agroextrativistas, indígenas, atingidos pela Hidrelétrica de Tucuruí e Acampados e Assentados da reforma Agrária, de diferentes municípios no Sudeste do Pará.
As Quebradeiras de Coco Babaçu da região vinculadas ao Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB/Regional Pará durante o processo de mapeamento social registraram sobre a história de luta, a relação com o território e com recursos naturais. Nessa região as Quebradeiras de Coco Babaçu marcam suas experiências políticas, sociais com destaque para os saberes tradicionais e relação com a ecologia dos babaçuais.
De modo que inscrevem sua história coletiva como mulheres organizadas em movimento social e com experiências particulares representativas. Assim, o ato do lançamento também foi um momento em que as quebradeiras rederam homenagem a Dona Leonor Barbosa Lima, mulher cuja história é sinalizada de experiências do cotidiano e da vida política como integrante que foi do Movimento das Quebradeiras de Coco Babaçu, desde sua criação.
A apresentação do fascículo ocorreu, portanto, neste momento de homenagem a história de vida de Dona Leonor Barbosa de Lima, quebradeira de coco babaçu, falecida em 03 de outubro 2014 aos 80 anos de idade. Contando no último dia 03 um ano de falecimento. Nas falas se destacaram a pessoa que foi para a família e para a comunidade. Sua neta destacou: “minha avó era uma líder nata, era uma mulher muito visionária. Apesar dela não ter uma educação escolar, mas ela tinha uma sabedoria que as vezes me impressionava. Ela tinha uma visão das coisas (….) quando ela era colocada na frente de uma coisa, ela tinha uma visão de que aquilo tinha que andar, como ela dizia: ‘eu não tenho conhecimentos, não sei escrever’. Mas, ela sabia como andar aquilo…”.
Ana Cileide dos Santos, que foi coordenadora executiva do MIQCB/Regional Pará, ressaltou a pessoa a pessoa solidaria e de sua preocupação com o próximo. Cledeneuza Maria Bizerra de Oliveira, presidente da Cooperativa do MIQCB também ressaltou a luta e experiência dessa quebradeira de coco babaçu. Para ela “Dona Leonor lá nos anos 80 achou que as mulheres podiam sair de casa e buscar dias melhores para suas famílias”, buscava não só melhoria econômica, mas conhecimento. Desse modo, “foi uma pessoa que acreditou na transformação da mulher”. As falas de maneira geral frisaram-na como uma pessoa entusiasta que deixou exemplos de humanidade e de como se colocou diante das situações na vida familiar, na comunidade, como integrante do Movimento das Mulheres Quebradeiras do Coco Babaçu.
Durante a atividade os participantes receberam os fascículos 5 “Quebradeiras de coco e agroextrativistas, sudeste do Pará”, e se detiveram em leituras e a observações atenta do mapa que acompanha a publicação. Os pesquisadores retomaram o contexto das oficinas e da construção do fascículo, momento em que conheceram Dona Leonor de Lima, afeiçoado no relato da história da comunidade. Também foi exibido e entregue o material audiovisual, em DVD, com as imagens e fotográficas produzidas durante as oficinas e trabalhos de campo do projeto mapeamento social.
Estiveram as quebradeiras de coco babaçu das cidades, vilas e assentamentos onde se encontram os grupo de mulheres vinculados ao MIQCB e a Cooperativa do movimento. Tais como vila Itameirm, e Santa Rita do município de Brejo Grande do Araguaia. Assentamento 21 de Abril, em São João do Araguaia e vila São José em São Domingos do Araguaia. De parte do poder público, dentre os convidados, compareceu o vereador Raimundo Ângelo de Sousa, também oriundo da vila de Santa Rita, município de Brejo Grande do Araguaia.
Estiveram presentes e participaram da organização junto com as quebradeiras de coco babaçu a professora Rita de Cássia Pereira da Costa professora da UNIFESSPA e pesquisadora do PNCSA, Cristiano Bento da Silva, pesquisador do PNCSA e as estudantes de graduação da UNIFESSPA e bolsistas de extensão e iniciação científica Karoline Souza e Larissa Cordeiro. Todos integrantes do Grupo de Pesquisa Núcleo de Cartografia Social do Sul e Sudeste do Pará UNIFESSPA/UFPA.