Nova Cartografia Social Da Amazônia

PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZÔNIA REAFIRMA COOPERAÇÃO COM ATIVIDADES DA FACULDADE DE ETNODIVERSIDADE – UFPA


No hall do prédio da FACETNO os participantes do curso realizaram o registro de fotos (23.08.2018)

No primeiro semestre de 2018 as atividades de cooperação entre a Faculdade de Etnodiversidade (FACETNO) e o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA) entraram em ritmo renovado e acelerado. Troca de correspondências; participação em banca de dissertação de mestrado (PPCSPA/UEMA); orientações da turma do Curso de Etnodesenvolvimento do Campus Universitário de Marajó-Soure; abertura das atividades acadêmicas do Tempo Universidade do Curso de Etnodesenvolvimento do Campus Universitário de Altamira, com a realização do “Seminário Povos e Comunidade tradicionais da Volta Grande do rio Xingu face aos projetos desenvolvimentistas” e; por último, agora ao final do mês de agosto, culminando com o curso “Noções, debates e reflexões da Nova Cartografia Social”.

Em correspondência direcionada pelo prof. Gustavo Moura (vice – diretor da FACETNO/Universidade Federal do Pará – UFPA), em resposta ao Processo nº 23073.002069/2018-57/Reitoria da UFPA, reforça que essas “parcerias institucionais dentro e fora da UFPA contribuem para fazer frente à implementação de grandes projetos de desenvolvimento na região Amazônica que tem impactado negativa e seriamente o meio ambiente e violado sistematicamente direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais”.

As leituras, produções bibliográficas e referências do Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia (UEMA), inspiraram a montagem do livro “A diversidade dos Encantados”, produzido pelos estudantes Curso de Etnodesenvolvimento do Campus Marajó-Soure (UFPA) através das atividades orientadas pela professora Rosa Acevedo Marin, dentro da disciplina Pensamento Social Amazônico ministrada no início do primeiro semestre de 2018. Conforme a professora escreve na Apresentação do livro: “Com base nos conteúdos teóricos e alguns destaques sobre a questão da narrativa, os discentes percorreram um caminho de memória e criatividade do imaginário coletivo, de maneira a rever tradições culturais a partir de suas próprias experiências narrativas. Em tempo célere cada um escreveu as narrativas que compõem o livro que intitularam ‘A Diversidade dos Encantados’, que representa mais do que um exercício de classe. A singularidade desse ato criativo desdobrado em desenhos”.

Destacando ainda que o livro A Diversidade dos Encantados (E.book, versão preliminar) foi lançando recentemente no XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia e I Feira Mundial de Sociobiodiversidade.

Nos dias 02 e 03 de julho a programação do Seminário “Povos e Comunidade tradicionais da Volta Grande do rio Xingu face aos projetos desenvolvimentistas”, realizado no auditório do Campus de Altamira da UFPA foi contemplado como abertura do período letivo do Curso de Etnodesenvolvimento, com a participação entusiasta de um grupo de estudantes, com papeis como relatores do evento e de professores como expositores e coordenadores de mesas.

A notícia completa divulgada no site novacartografiasocial.com é reveladora da importância das atividades no Campus de Altamira da UFPA. Reitera-se no fato do Seminário ter entrado oficialmente no calendário do curso de Etnodesenvolvimento, abrindo as atividades acadêmicas do II Tempo Universidade de 2018.

As colaborações da UFPA, e especialmente pelo empenho da Vice-Reitoria favoreceram a colaboração da equipe coordenado pela profa. Claúdia Leão – Grupo de Pesquisa LAB Ampe/UFPA que estruturaram a transmissão radialística 87,5FM e a montagem da exposição de fotografias “As veias abertas da Volta grande do Rio Xingu”, entre outros aspectos da dedicação ao Seminário, que contou com a dedicação e trabalho de ativistas do Movimento Xingu Vivo para Sempre.

Na continuidade e aprofundamento da colaboração foi discutido que o Projeto Nova Cartografia Social e o Curso de Etnodesenvolvimento realizassem uma formação com conteúdo sobre Cartografia e Nova Cartografia Social, enquanto atividade complementar (PPC vigente) e disciplina regular do curso (PPC novo); o início da construção de uma base de pesquisa colaborativa da Nova Cartografia Social junto ao Laboratório de Geoprocessamento do Campus Universitário de Altamira e a Faculdade de Etnodiversidade.

Sendo assim, o conteúdo teórico do curso Noções, debates e reflexões da Nova Cartografia Social, realizado de 23 a 25 agosto na Faculdade de Etnodiversidade do Campus Universitário de Altamira – UFPA, foi pensado em autores relevantes tanto na história da Nova Cartografia (J. B. Harley, J. Brotton, J. Black, M. Foucault. B. Anderson) como novos autores que contribuem com o debate sobre território, espaço, tempo, lugar e ensejam as propostas de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade (Almeida, Acserald, Saquet, Haesbaert, D. Massey).

Como atividade de reflexão aos cursantes foram propostos dois exercícios: o primeiro concebido como síntese de conteúdos com reflexão sobre quatro itens: Comentar a distinção entre os significados de cartografia e cartografia social, explicando o porquê de se recorrer à adjetivação “nova”?; Quais as distinções entre mapeamento participativo e mapeamento social no âmbito da nova cartografia social?; O que se designa como “consciência de suas fronteiras”?; Comentar a noção operacional “unidade de mobilização” e questionar os seus usos?.

Foto: Fascículos do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – site.

Na segunda parte os cursantes se dedicaram a ler e refletir fascículos publicados pelo PNCSA. Foi uma proposta de livre escolha. Na sessão final foram feitas as exposições com algumas observações relevantes: em geral, as escolhas respondiam a uma experiência individual e intuíto de aproximação com a realidade empírica dos territórios e coletivos de pertencimento: indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores.

Assim, Vanusia Brito de Sousa (egressa da Faculdade de Etnodesenvolvimento) fez a leitura do fascículo “Quebradeiras de Coco Babaçu no Sul e Sudeste do Para”. De início, apresentou-se como filha de quebradeira de coco babaçu do Maranhão e lembrou diversas situações: como o baixo preço do babaçu, o que as quebradeiras conseguiam comprar e a relação com os compradores dos frutos; ainda lembrou que a situação de pobreza levou a decisão da mãe de lhe dar para outra família criá-la. A exposição anterior realizada por Leticia Santiago de Moraes teve como conteúdo o fascículo “Movimento das Peconheiras e Peconheiros da Ilha de Itacoazinho, Igarapé Caixão e Igarapé Genipaúba, Baixo Acará”; ambas expositoras traçaram debate sobre as mobilizações políticas e trajetória organizativa de Quebradeiras e Peconheiras. Destacou-se a relevância da reflexão sobre gênero; politização da natureza e do patrimônio.

Por vezes os fascículos foram estudados por várias pessoas. Uma leitura destacada foi feita do fascículo “Moradores do Baixão do Tufi (Altamira)” desalojados pelas obas da usina hidrelétrica de Belo Monte e no debate diversas memórias e sentimentos foram manifestadas. Esse exercício oportunizou o debate de noções, categorias analíticas tais como território, conhecimentos tradicionais, territorialidade especifica, etnicidade, unidades de mobilização e violência. As observações foram detidas sobre mapa situacional, descrição aberta e plural, etnografia e ainda sobre os conteúdos e relevância das legendas para apreender a diversidade das realidades empiricas.

Fotos: Estudantes e professores da Faculdade de Etnodiversidade receberam formação preliminar em Geotecnologia ministrada pelo prof. Wellington Álvares (Geografo, Campus de Altamira-UFPA) no Laboratório de Informática.

Finalizando o curso, no dia 25 de agosto, com a colaboração do professor Wellington Álvares (Geógrafo – Curso de Geografia do Campus de Altamira), no Laboratório de Informática do Campus de Altamira, ministrou uma formação preliminar em Geotecnologia com objetivo expor algumas noções básicas de uso do GPS (Global Positioning System) e SIG (Sistemas de Informação Geográfica), informações sobre utilização do SIG para inserir dados do GPS, cumprida com grande interesse pelos participantes.

Foto: Cursistas, prof. Wellington Álvares no centro da foto, ao lado de Rosa Acevedo.

O total de inscritos no curso foi de 38 pessoas – incluindo 25 estudantes da Turma do curso de Etnodesenvolvimento; 9 professores da Faculdade de Etnodiversidade; uma egressa do Curso de Etnodesenvolvimento; duas estudantes de pós-graduação da UFPA (PPGA e Instituto de Ciências e Artes) um professor da Rede Escolar do Município de Altamira.

Houve manifestações convergindo para o elevado interesse nas atividades realizadas e diversas expectativas em relação ao conteúdo do curso, especialmente sobre as possibilidades de desenvolvimento da cooperação com o Projeto Nova Cartografia Social. Muitos estudantes e professores do curso de Etnodesenvolvimento manifestaram o desejo de utilizar de criação de mapas a serem realizadas nos Estágios Currículares Supervisionados e nos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) em suas comunidades. Posto que, em outras frentes de atuação, esse interesse de colaboração também foi objeto de debate em reunião com o Ministério Público Federal de Altamira, abrindo possibilidades de novas articulações com a Faculdade de Etnodiversidade e o Campus Universitário de Altamira (UFPA).

Equipe de Redação:
Rosa Acevedo Marin (PNCSA/UFPA); Ana Debora da Silva Lopes, Eliane da Silva Sousa Farias e Reinaldo Marchesi (FACETNO/UFPA).

Fotografia: Vigilante do Campus de Altamira; Rosa Acevedo; Reinaldo Marchesi; Estagiária do Laboratório de Informática do Campus de Altamira/UFPA.

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