O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)/2015 apresentou uma questão na prova realizada no dia 24 de outubro que tem o Projeto Nova Cartografia Social – PNCSA como conteúdo relevante para as ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. Este exame refere-se ao ingresso no ensino superior público ou em instituições que contam com apoio público no Brasil. A prova aplicada traz para os movimentos sociais e pesquisadores de todo o Brasil, e em especial na Amazônia, envolvidos no PNCSA, o reconhecimento nacional de um trabalho que, de forma sistemática nos últimos 11 anos, fortalece uma relação de pesquisa entre as universidades e os movimentos sociais objetivados em identidades coletivas forjadas na luta cotidiana pelos direitos territoriais.
Este trabalho sistemático de cartografia social resulta na produção de livros, mapas, Fascículos, Cadernos, Boletins Informativos, exposições e vídeos. Importa assinalar que há mais de 30 anos parte da equipe atual do Projeto Nova Cartografia Social da Amazonia já vem trabalhando em mapeamento social – como o antropólogo Alfredo Wagner, que é um dos coordenadores deste trabalho e produz mapeamentos desde 1988 com os mapas que compuseram a perícia sobre a violência nos conflitos de terra, junto às sessões do Tribunal Permanente dos Povos(Paris e Roma). Juntamente com outros coordenadores e pesquisadores, como Cynthia Carvalho Martins, Jurandir Novaes, Helciane Araújo, Marcia Sprandel produziu o livro A Guerra dos Mapas. Nas últimas décadas com a participação de Rosa Elisabete Marin, Solange Gaioso, Antonio João Castrillón Fernandes, Terri Valle de Aquino, Mariana Pantoja e dezenas de outros pesquisadores vem desenvolvendo pesquisas em colaboração estreita com movimentos sociais e diversas universidades, como: UEMA, UFAM, UFMA, UEA, UFPA, UFTO, UFPI, UNIFESSPA, UFRR, UNIR, UFAC, UFAP, UNEBA, UFBA, UEPE e IFAM. Há também projetos de cooperação técnico-científica internacional que tem propiciado mapeamentos sociais em diversos países, tais como: Argentina, Colômbia, Venezuela, Cuba, Quênia, Nicaragua, Guiana Francesa e República da Guiana, além de contatos regulares com movimentos sociais da Bolivia, do Equador, Honduras e México.
Os movimentos sociais, como os indígenas e quilombolas, mencionados explicitamente na prova do ENEM, e outros como quebradeiras de coco babaçu, ribeirinhos, pescadores, povos de terreiro, povos de faxinais, povos ciganos, atingidos por barragens e muitos outros, pela prática de automapeamento constroem uma nova leitura cartográfica do Brasil, que visibiliza identidades coletivas que buscam o seu fortalecimento e o pronto atendimento de suas reivindicações.
Tais mapeamentos sociais realçam práticas de uso e preservação dos recursos e defesa dos seus territórios, em íntima relação com a natureza. Expressam por meio da cartografia social as suas formas de trabalho, a sua existência coletiva em mapas, que se apoiam mutuamente e ao mesmo tempo, consistem em narrativas de resistência traduzidas nos próprios mapas, e em diversos gêneros de produção bibliográfica. Esta produção tem permitido aos movimentos estabelecer um debate ancorado em um conhecimento acadêmico de qualidade, do qual também são autores, e que tem sido utilizado para dirimir conflitos ou trazê-los ao debate.
Repercussão em números da presença do PNCSA na prova do ENEM
Desde o fim da tarde do sábado (24), após a divulgação dos cadernos, milhares de pessoas visualizaram nossos conteúdos postados no Facebook e site. Até a manhã desta quinta-feira(26), a página no facebook do PNCSA (fb.com/PNCSA) contava com mais de 600 novas curtidas. O número de visualizações na publicação que se refere a imagem da questão ultrapassa 169 mil views. A imagem possui mais de 800 compartilhamentos.
O site do projeto (www.novacartografiasocial.com) recebeu quase 3 mil visitas entre os dias 24 e 29.