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Povos Indígenas do São Francisco Inauguram Centros de Ciências e Saberes como Territórios Vivos de Memória e Resistência


Entre os dias 21 e 26 de outubro de 2025, os povos indígenas do Rio São Francisco — Pankararu, Truká-Tupan e Pankararé — ergueram um marco histórico com a inauguração dos seus Centros de Ciências e Saberes. Mais do que estruturas físicas, esses espaços são territórios vivos, onde a memória ancestral, os saberes tradicionais e a ciência caminham lado a lado.

A Casa de Memória Lindaura Tenório, o Centro Anciões do Ouricuri (Taboa Pankararu), o Centro Truká-Tupan em Paulo Afonso/BA e o Memorial Caboco Aboiador em Glória/BA foram apresentados como museus vivos, guardiões dos saberes e fazeres indígenas. Cada centro abriga coleções etnográficas que dialogam com sítios arqueológicos e práticas espirituais.

Para o Pajé Jaguriça Pankararu Opará, a inauguração da Casa de Memória Lindaura Tenório é mais que celebração, é afirmação de pertencimento: “O memorial Lindaura Tenório é o território que guarda e protege nossos pilões, achados arqueológicos que pertencem aos nossos ancestrais, nos dados de presente para que nunca a gente se esqueça que aqui é terra ancestral.”

A Cacica Josenilda Taboa Pankararu reforça o papel dos centros como pontes entre gerações: “O Centro é espaço de diálogo entre saberes, que guarda a memória dos mais velhos. Eles nos ensinam hoje o que aprenderam com seus mais velhos. Nós aprendemos hoje para que nossos mais novos não deixem acabar a sabedoria dos nossos anciões.”

Durante a semana, os centros foram palco de visitas técnicas a sítios arqueológicos, rodas de conversa com anciões, rituais sagrados como o dos Praiá no território Pankararé, e encontros com a Organização de Mulheres da Ciência do Amaro. Cada atividade reafirmou o protagonismo indígena na gestão dos territórios, na preservação da natureza e na construção de futuros possíveis.

Alzeni Tomáz, da SABEH – Sociedade Brasileira de Ecologia Humana, sintetiza a potência desses espaços: “Esses centros constituem camadas de resistência e memória, que se entrelaçam como fios de esperança para a construção de um futuro justo e enraizado na sabedoria dos povos originários.”

A inauguração dos Centros de Ciências e Saberes não é apenas um avanço na valorização da cultura indígena, é a materialização da memória viva, falada e sentida pelos povos originários do Rio São Francisco.

Figura 1: Casa de Memória Lindaura Tenório (Filhos de Lindaura Tenório) (foto arquivo PNCS/SABEH)

 

Figura 2: Coleção etnográfico da Casa de Memória Lindaura Tenório (Fotos: PNCS/SABEH, 2025)

 

 

Figura 3: Inauguração do Centro de Memória Lindaura Tenório (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

CENTRO DE CIÊNCIAS E SABERES TABOA PANKARARU – ANCOES DO OURICURI

 

Figura 4: Inauguração do CSS – Anciões do Ouricuri – Taboa Pankararu (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

Figura 5: Roda de Conversa com as Anciões do Ouricuri – Saberes e Fazeres do Povo Taboa Pankararu (PNCS/SABEH, 2025)

 

Figura 6: Apresentação da Coleção Etnográfica do Centro de Ciências e Saberes Anciões do Ouricuri – Taboa Pankararu (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

 

 

Figura 7: Coleção Etnográfica Anciões do Ouricuri – Povo Taboa Pankararu (PNCS/SABEH, 2025)

 

 

Figura 8: Visita Técnica a Gruta dos Encantados no Território Taboa Pankararu (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

CENTRO DE CIÊNCIAS E SABERES TRUKÁ TUPAN – PAULO AFONSO/BA

Figura 9: Inauguração do Cento de Ciências e Saberes Truká-Tupan – Paulo Afonso (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

Figura 10: Inauguração e Intercâmbios do Cento de Ciências e Saberes Truká-Tupan – Paulo Afonso (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

Figura 11: Visita Técnica e Intercâmbio no território Truká-Tupan (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 


 

 

Figura 12: Coleção Etnográfica Povo Truká-Tupan – Paulo Afonso/BA (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

MEMORIAL CABOCO ABOIADOR

 

Figura 13: Inauguração e Intercâmbio no Memorial Caboco Aboiador – Centro de Ciências e Saberes da Tradição do Amaro (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

 

Figura 14: Coleção Etnográfica do Caboco Aboiador (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

Figura 15: Visita Técnica e intercâmbio do Centros de Ciências e Sabres – Memorial Caboco Aboiador (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

Figura 16: Chegada da Mãe do Terreiro da Ciência do Amaro – Território Sagrado do Povo Pankararé (Arquivo PNCS/SABEH, 2025)

 

Figura 17: Diálogos com a Organização de Mulheres da Ciência do Amaro – Povo Pankararé (PSCS/SABEH, 2025)

 

Figura 18: Ritual dos Praiá na Ciência do Amaro – Território Sagrado Pankararé (PSCS/SABEH, 2025)

 

Os Centros de Ciências e Saberes dos Povos Indígenas do São Francisco são territórios vivos de memória, ciência, saberes e fazeres. Espaços multifuncionais que abrigam acervos etnográficos preciosos, guardiões das memórias e dos conhecimentos ancestrais dos povos originários. São museus vivos, expressões da resistência étnica e territorial. Esses centros articulam valores culturais profundos, promovendo a valorização, a perpetuação e o diálogo entre os saberes indígenas e o conhecimento científico. Seu propósito é fortalecer a identidade cultural, fomentar a sustentabilidade ecológica e assegurar o protagonismo das comunidades indígenas na gestão de seus territórios, dos sistemas arqueológicos, da natureza e da construção de mundos possíveis. Constituem camadas de resistência e memória, que se entrelaçam como fios de esperança para a construção de um futuro plural, justo e enraizado na sabedoria dos povos da terra. (Alzeni Tomáz, SABEH, 2025).

 

 

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