No dia 25 de outubro visitei o Museu Pfahlbau, onde foram reconstruídas as palafitas europeias, habitações sobre esteios de sociedades lacustres que viveram entre os anos 3000 e 600 ac. O museu está localizado em Unteruhldingen, à beira do Lago Constança (Bodensee), no sul da Alemanha, próximo à fronteira com a Suíça.
Este museu foi fundado em 1922 por uma associação de arqueólogos e etnólogos quando iniciaram-se as escavações que buscavam evidências da pré-história dessa região de lagos que precede os Alpes. Trata-se de uma reconstituição das palafitas e de objetos do cotidiano de sociedades que nelas habitaram. As escavações iniciadas em 1923 seguem em curso e as descobertas científicas são continuamente incorporadas ao acervo do referido Museu Pfahlbau.
Dentro das casas de palafitas (pfahlbauten em alemão), estão expostos objetos encontrados nas escavações, como utensílios domésticos e de pesca, cerâmicas, tecidos, objetos de pedra e metal datados das chamadas Idades da Pedra e do Bronze. Além disso, há informações sobre o cotidiano dos habitantes e dos seus conhecimentos acerca da produção e do consumo de alimentos, de remédios naturais, de vasos e potes de cerâmica, de vestuário e sobre os seus rituais, inclusive os fúnebres.
O museu traz uma visão essencialmente arqueológica das sociedades lacustres dessa região, onde o clima era mais quente no passado, hoje comparável ao dos países mediterrâneos.
Raimundo Lopes, naturalista do Museu Nacional (UFF/RJ), em seu livro Antropogeografia publicado em 1956, empreendeu uma abordagem comparativa dos povos lacustres da Suíça, Alemanha e Itália e dos povos que habitam os campos inundáveis do Pará e Maranhão, no Brasil, mencionando as referidas palafitas como habitações típicas.
A análise comparativa iniciada por Raimundo Lopes merece ser continuada. Ao contrário das descrições do Museu Pfahlbau, que remetem a um passado remoto, as palafitas amazônicas são contemporâneas e fazem parte do modo de vida atual de povos e comunidades tradicionais do Maranhão, Pará e Amazonas.
Mais informações sobre o Museu Pfahlbau podem ser encontradas em:
*Pesquisadora do PNCSA no Projeto Centro de Ciências e Saberes: experiências de criação de “museus vivos” na afirmação de saberes e fazeres representativos dos povos e comunidades tradicionais (ChamadaMCTI/CNPq/SECISnº85/2013–Apoioàcriaçãoeaodesenvolvimento deCentrose MuseusdeCiência eTecnologia).