No período de 09 a 12 de outubro, pesquisadores do Projeto Centro de Ciências e Saberes (Maranhão), participaram do IV Congresso Internacional Ciências, Tecnologias y Culturas, na Universidade de Santiago do Chile. Na oportunidade foram apresentados no Simpósio “Território, Modo de Vida e Patrimônio Cultural: (Re) pensar as Sociedades Tradicionais” os resultados das primeiras pesquisas de campo realizadas em territorialidades específicas de Penalva e Alcântara.
Visitou-se o Centro de Exposição de Arte Indígena, localizado no Centro de Exposición y Comercialización de Arte Indigena Cerro Welen, espaço de divulgação e comercialização de arte dos povos Rapa Nui, Aymara e Mapuche. E em breves entrevistas e conversas informais com mapuches tomamos conhecimento das situações de conflito notadamente na região sul do Chile. Não há no presente o reconhecimento formal das terras das comunidades mapuche por parte do Estado Chileno.
A busca do reconhecimento do território mapuche, cujas florestas são ostensivamente exploradas por madeireiros e empresas de celulose, faz parte dos pleitos de associações e organizações, a exemplo da Meli Wixan Mapu que luta pelos direitos territoriais e políticos dos mapuche _ conforme nos informou o Sr. Eugenio Mapuche. Além desses conflitos, essa organização manifesta-se contra empreendimentos em terras mapuche referidos a diferentes setores: silvicultura, energia, concessionárias de rodovias, turismo, propriedades privadas, petróleo, mineração e pesca. Ressaltam também a situação daqueles mapuche que realizaram migração forçada para cidades como Santiago, Temuco, Concepcion, Cañete _ a esse respeito consultar dados apresentados pelo site da referida organização: http://meli.mapuches.org/spip.php?article8.
Essas informações apresentadas por aqueles mapuche que vivem em situações de conflito territorial ou em contexto urbano contrasta com as representações do povo mapuche apresentadas em exposições arqueológicas e etnográficas de museus como Museo Chileno de Arte Precolombino, o Museo Nacional de Historia Natural e o Museu Histórico Nacional, localizados em Santiago. Em uma das Exposições desse primeiro museu intitulada “O Chile antes do Chile” os mapuche estão apresentados como referidos à situação colonial, sugerindo aos visitantes que eles estão congelados ao tempo pretérito.
Um visitante do Museu Histórico Nacional tem acesso até mesmo a foto de fins do século XIX intitulada Zoológico Humano que traduz a prática de inspiração colonial de apresentar integrantes de povos indígenas mapuche, tehuelche, kawésqar e selk’man em Exposições científicas realizadas em cidades da Europa e que sustentaram as políticas imperialistas de dominação.