Nova Cartografia Social Da Amazônia

Pesquisadores do PNCSA e Quebradeiras de Coco Babaçu apresentam Mapa da Região Ecológica do Babaçu na Câmara dos Deputados.


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Pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – PNCSA, a convite do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB, apresentaram ontem à tarde, juntamente com as Quebradeiras de Coco, o Mapa da Região Ecológica do Babaçu na Câmara dos Deputados, em Brasília.

O Mapa é resultado de pesquisa realizada desde 2014 no âmbito projeto Cartografia Social dos Babaçuais: mapeamento social da região ecológica dos babaçuais, apoiado pela Fundação Ford, que conta com a participação de pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), da Universidade Federal do Tocantins (UFTO), da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), e movimentos sociais. Este pesquisa tem confluência com pesquisas anteriores de cartografia social liderada pelo Antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida.

Francisca Silva Nascimento, Coordenadora Geral do MIQCB, manifestou sua alegria pela oportunidade: “Esse momento era o que a gente sempre sonhava e queria que acontecesse. Mas a gente sonhava que tivesse mais deputados aqui, para ver o mapa, o trabalho da cartografia e ver o que a gente quer dizer com este mapa aqui hoje. Nós estamos querendo chamar atenção das autoridades, para o governo, que a gente precisa de um olhar diferente para as quebradeiras de coco”. Dando sequência à sua fala perguntou: “Qual é o desenvolvimento que se quer implantar? Somos quebradeira de coco, mas também vivemos da agricultura familiar e precisamos da roça. Eu fico muito preocupada se chegar o MATOPIBA no Piauí. E a gente vive pensando que governo é esse, será que ele se preocupou com a gente?”.

Rosenilda Gregório dos Santos, Coordenadora do MIQCB/Região da Baixada Maranhense, afirmou: “O mapa é muito emocionante, porque a gente começa a fazer algo que não era nosso. A gente aprende a ler o mapa. Eu moro nessa área, pedaço do município de Viana e Penalva. Eu estou lá casada com um índio. A gente pode mostrar para vocês o que existe lá,  uma linha de transmissão sem permissão das comunidades indígenas e que tem afetado os babaçuais. Queria que todos olhassem para isso como uma floresta onde a gente possa respirar”.

Dona Eunice Conceição da Costa, Coordenadora do MIQCB/Região de Imperatriz, destacou: “Eu tenho orgulho, mas também eu tenho tristeza de ser maranhense. Sabemos que prefeito, governador, deputado fazem parceria com as grandes empresas”.

Dona Maria Alaídes Sousa, quebradeira de coco na região do Médio Mearim (MA), declarou: “Sou quebradeira de coco assentada. Teve um deputado que falou uma vez que o babaçu é uma praga. Esse projeto MATOPIBA é uma ameaça. Com a soja, com a agropecuária, com a monocultura, quem vai sofrer são as capoteiras. O nosso mapa identifica os conflitos, onde tem os recursos naturais”.

A Professora Jurandir Santos de Novaes (UFPA; UEMA-Programa de Pós-graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia), Coordenadora do Projeto, explicou que o mapa tem como principio a autocartografia: “O mapa não é dos pesquisadores, não é das organizações não governamentais. É um mapa construído a partir de representações sociais, de identidades coletivas que se organizam em movimentos sociais que vem lutando contra todas as forças que recaem sobre suas vidas. Outro principio é que ele é realizado a partir de um minucioso trabalho de campo, compartilhado com os agentes que vivem os processos. O mapa tem como posicionamento politico reconhecer processos localizados que não podem vir aqui senão a partir daqueles que estão dentro desses processos”.

Manifestaram-se no evento as demais quebradeiras de coco babaçu presentes: Francisca Maria Pereira (coordenadora do MIQCB/Região Cocais-Ma), Jucilene Rodrigues Sousa (quebradeira de coco do Pará), o deputado federal Nilto Tatto (PT/SP), Maurício Gueta (Instituto Socioambiental – ISA), Rodrigo Noleto (ISPN)  a senadora Regina Sousa (PT/PI), e os  pesquisadores do Projeto Benjamim Alvino de Mesquita (UFMA), Helciane de Fátima Abreu Araujo (UEMA/PPGCSPA), Carmen Lúcia Silva Lima (UFPI), Poliana de Sousa Nascimento (PNCSA), Luis Augusto Pereira Lima (PNCSA).

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