O Projeto “Mapeamento Social como instrumento de gestão Territorial contra o desmatamento e a devastação: processos de capacitação de Povos e Comunidades Tradicionais” (UEA/INCS/BNDES/FUNDO AMAZONIA)programou para os dias 27 a 30 de agosto de 2014 a Oficina de Mapas “Quilombolas de São Sebastião de Cipoal: estratégias de preservação dos recursos madeireiros no alto rio Pacajá face a exploração intensiva das empresas”. Na atividade contou-se com a presença de 57 pessoas e dos professores da SEMED lotados na escola da Comunidade.
Na apresentação de problematicas relacionadas ao desmatamento na região, dominada pela bacia do rio Pacajá, os participantes comentaram uma série de observações sobre a “corrida pelas madeiras”, instalação de grandes empresas e as pressoes sobre os recursos dos povoados que se localizam nesta região. Madeireiros e grandes empresas com uma trajetoria de exploração do recurso tinham se instalado e provinham da região de Paragominas, de Tucurui. Cabe observar as fronteiras da denominada Microrregiao de Portel na parte sul com os municipios de Itupiranga e Porto de Moz e ao oeste com o municipio Senador José Porfirio, portanto, em uma região procurada pela existência de madeiras de lei, com elevado preço no mercado.
As noticias divulgadas sobre a exploração madeireira clandestina destacam entre os cinco municípios com maiores áreas de exploração madeireira ilegal -Portel, Pacajá, Prainha, Uruará e Trairão, os dois últimos localizados às margens do Rio Amazonas e das rodovias BR-230 e BR-163.
A senhora Adelina Valeria do Nascimento, sua irmã Alcinda Severa do Nascimento (parteira, artista na confeção de objetos de barro) informaram sobre a viagem realizadas pelos seus bisavôs vindos do Ceará e Piaui, “fugindo da seca e não da escravidão” para a Ilha de Marajó. Uma parte ficou em Breves e outra subiu o alto rio Pacajá onde se fixaram. Explicam que a margem direita do rio estavam os indígenas. O senhor Simão Pereira dos Anjos trabalhou na retirada do leite de maçaranduba e de seringueira.
Nas diversas falas foi comentada em detalhes a investida dos agentes da exploração intensiva de madeira, o desmatamento que ameaça a floresta. Ns croqui elaborado estão detalhadas as extensas áreas desmatadas.
A senhora Guaracy da Silva Moreira autora de versos e músicas fez no intervalo das oficinas esta composição:
FALANDO DE FASCICULO
O fascículo e a casa
onde se descansa
do mundo.
I
O Fascículo é a casa
do tempo
é a Casa
de tudo
II
Mar e rio
no mesmo fio
água doce salgada
III
O fascículo é onde
a gente se esconde
em gruta encantada.
Na oficina participou como convidado Neirevaldo do Nascimento Andrade, presidente da ARQUICOSTT – Associação de Remanescentes de Quilombo de São Tome de Tauçu, comunidade localizada no rio Acutipereira, municipio de Portel.
Os pesquisadores Daiana Brito (NAEA/UFPA), Eliana Teles (PNCSA/SEDUC), Edmir Celestino Amanajas (PPGA/UFPA) e Rosa Acevedo (PNCSA/UFPA/PPGA)trabalharam coordenamente na realização do trabalho de campo.