A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), organização da sociedade civil de interesse público que representa os 23 povos indígenas do rio Negro, fundada em 1987, vem a público manifestar-se a respeito da reportagem publicada hoje pela Folha de São Paulo, pelo repórter Vinicius Sassine, a respeito do avanço do garimpo na bacia hidrográfica do Rio Negro, no Amazonas.
Intitulada “General Heleno autoriza avanço de garimpo em áreas preservadas na Amazônia”, a matéria revela que em 2021, o general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), da Presidência da República, autorizou sete projetos de pesquisa para exploração de ouro no Noroeste Amazônico, região mais preservada de toda a Amazônia. Heleno é também secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, órgão que aconselha o presidente em assuntos de soberania e defesa.
Nós, que habitamos essa região há mais de 3 mil anos, em 10 terras indígenas demarcadas, manifestamos nossa indignação com a postura do general Heleno, que demonstra estar fazendo uma pressão política a favor dos interesses empresariais da mineração e do garimpo.
A assessoria jurídica da Foirn está analisando os processos mencionados na reportagem da Folha de São Paulo e tomará todas as atitudes cabíveis e legais para não permitir que a região mais preservada da Amazônia seja ameaçada pela política predatória do atual governo.
Sem considerar aspectos socioambientais e as políticas públicas que vem sendo articuladas para o desenvolvimento local na região, baseadas na Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental nas Terras Indígenas (PNGATI), o GSI e o Conselho de Defesa Nacional colocam em risco a vida da floresta e a vida de mais de 45 mil indígenas.
Ao invés de autorizar que empresas façam pesquisa de extração de ouro em nossos territórios, o que só trará poluição, degradação ambiental e ainda maior injustiça social, as autoridades do governo federal deveriam conhecer a realidade local e nos apoiar a fomentar a economia indígena sustentável, que gera renda, trabalho e conserva os benefícios da floresta em pé.
Repudiamos atitudes autoritárias amparadas em ideais superados de desenvolvimento econômico, que só trouxeram doenças, morte e degradação para a Amazônia e seus povos. A política do atual governo, que avança sobre a floresta e sobre nossos territórios, tem apenas um interesse imediatista: dar lucro aos setores políticos empresariais que negam à emergência climática, a importância da Amazônia para a manutenção da vida e, sobretudo, desrespeitem os povos indígenas brasileiros que moram e protegem esta vasta região na tríplice fronteira com a Venezuela e a Colômbia.
Mais informações ou pedido de entrevistas:
Assessoria de Comunicação da Foirn: (97) 9810-44598