Nova Cartografia Social Da Amazônia

Movimentos Sociais: Demandas e Participação.


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Com este tema, na sede da Procuradoria da República no Amazonas, no dia 16 do corrente mês, os procuradores da referida instituição federal se reuniram com representantes de vários segmentos sociais, para dar visibilidade às demandas dos Movimentos sociais. Desta forma, o encontro foi marcado por várias falas de representantes sindicais, instituições sociais da igreja católica e alguns representantes de comunidades. Não estavam presentes as lideranças indígenas de Manaus, cujos problemas foram expressos apenas por uma represente da igreja católica. Entre as poucas pessoas, que representam seus contextos mais localizados, destacamos a fala de uma liderança, especificada abaixo.

Everaldo, presidente dos Produtores do Assentamento Nazaré, falou dos impactos com a implantação do Polo Naval, na margem esquerda do rio Amazonas, que está sendo feito de forma acelerada e mexendo com a vida de milhares de famílias numa extensão de mais de 60 km. O presidente do Assentamento asseverou há uma preocupação constante dessas famílias, as quais não sabem para onde irão, cujo destino não foi discutido nem antes, nem durante a implantação do polo naval. Existe essa preocupação das famílias, com os quilombolas, pessoas que nasceram e se criaram e criaram seus filhos, netos e bisnetos. Não ficou nada claro na última audiência publica na Assembleia Legislativa do Amazonas, não se discutiu a vida das famílias quilombolas do Assentamento Nazaré, disse a liderança; ainda afirmou que o Polo Naval utilizaria, na primeira etapa, “32 km” de área em linha reta, e que, no total daria “66 Km” de extensão. Também afirmou que um deputado, que está na frente desse projeto, falou ao governador, na presença da liderança do Assentamento Nazaré, que não havia moradores na zona do “local ideal para o polo naval”. Respondendo à indagação de um dos procuradores da República, Everaldo disse que há algo em torno de cinco mil famílias, e que, no Assentamento Nazaré moram duzentos e cinquenta famílias, numa área de sete mil metros de frente, por cinco mil de fundo. Terminou sua fala dizendo aos promotores que “averigue a situação, com veemência, para que os moradores não fiquem a mercê dos milionários” (ficou emocionado ao falar), pois “estamos para defender o pedaço de nossa terra”. No último minuto de sua fala, expressou-se inquietação com o INCRA, dizendo que “o INCRA tem nos abandonado”, pois ao assentamento, não lhe deu infraestrutura, “só o mínimo”.

19 02Presidente da Associação dos Produtores do Assentamento Nazaré. Depoimento sobre as implicações do projeto Polo Naval. Manaus-AM, 16 de julho de 2013, sede da Procuradoria da República.

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