Pesquisadores e estudantes do doutorado em Regiones Sostenibles que participaram do Taller de Cartografia Social (22 a 26 de abril) na Universidad Autônoma de Occidente, Santiago de Cali, Colômbia realizaram em 26 de abril de 2019 a visita na obra de infraestrutura Terminal Sur, caraterizada como megaprojetos, atualmente em construção na zona Sul da Cidade de Cali a qual afeta o Humedal El Cortijo e segmento do bosque seco. Esse “Complexo de Serviços de Transporte” incluí o Terminal do MIO, o Terminal de Transporte Intermunicipal e Interdepartamental e o Parque de Manutenção é executado por Metro Cali e Alcaldia de Cali.
Em mais de três horas de visita no local foi percorrido o jarillon, um muro construído a margem do rio Lili e sobre o qual foram apontadas irregularidades quanto a distância do rio (convencionado de 30 metros enquanto constata-se uma extensão de apenas 12 metros) e o desvio do rio Lili e a própria a curvatura que lhe foi provocado para estender as obras do Complexo.
O grupo de comunitários (Comunidade 17) insiste em debates consistentes e abertos e tem utilizado a documentação cartográfica, histórica e peças jurídicas para resistir ao Complexo de Terminal Urbano. A informação é que a obra é conduzida fora de normas legais, com autorizações de construção forjadas, valoração financeira.
A reivindicação do movimento organizado é desenvolvida pela Junta Comunal que defende o pleito do cancelamento do Projeto ou imediata relocalização. Essa Junta tem acionado a Defensoria del Pueblo tendo uma Ação Judicial em tramite.
Na intervenção foi anotada uma outra estratégia de dividir as competências quanto ao projeto entre órgãos e suas instâncias decisórias, o que dificulta identificar a responsabilidade em segmentos do vale do rio Lili, isto é o papel da CVC, do Parque das Cabeceiras do rio Lili.
O conflito ambiental teve momentos confrontos diretos, meses atrás, quando foram instalados os containers e houve impedimento das crianças utilizar as áreas recreativas coletivas. Ante essa agressão os comunitários bloquearam as vias e montaram acampamentos que foram dissolvidos com gases lacrimogênios. As marchas têm sido articuladas com o objetivo de frear as obras. O grupo está vigilante para mostrar as aberrações e as violências dessa intervenção, como indicaram com a destruição de um corredor onde cortaram mais de 280 arvores. Nesta faixa apontaram perfurações próximas de sistemas de distribuição de gás residencial.
A reunião com os comunitários se desenvolveu na Carpa da Resistência, muito próxima ao espaço que está sendo plantado com diversas espécies arbóreas na tentativa de ampliar o bosque. O grupo intercambio experiências de trabalho em conexão com as universidades de maneira a produzir documentos analíticos, informativos e outros que apoiem procedimentos jurídicos diante instituições e organizações internacionais na defesa de comunidades tradicionais e ambientes, sendo esses os alvos de ataques do Projeto Terminal 2, em Santiago de Cali.
O grupo fez troca de informações e aponto possibilidades de cooperação e apoio acadêmico, destacando a necessidade de uma continua reflexão sobre a forma como se particularizam as intervenções em suas diferentes escalas e efeitos sociais e ambientais.
Texto: Rosa E. Acevedo e Hernando Uribe
Fotografia: Alfredo Wagner Berno de Almeida e Rosa Acevedo Marin.