Nova Cartografia Social Da Amazônia

Mapeamento do território tradicional da comunidade Espírito Santo de Tauá – PARÁ


O Núcleo Guardiões do Tauá – formado com a finalidade de organização dos trabalhadores da pesca, agricultores e extrativistas em defesa do território tradicional da comunidade Espirito Santo do Tauá, município de Santo Antônio de Tauá, Nordeste Paraense – fez convite para pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia acompanharem suas práticas de autocartografia. Nas atividades propostas no mês de setembro e outubro de 2021 estiveram presentes ativistas do Movimento Vila em Ação (MVA), Instituto Socio Ambiental Progresso, Movimento de Mulheres e Colônia de Pescadores Zona 27.

A primeira reunião de trabalho foi realizada em 25 e 26 de setembro na Escola de Educação Infantil Clara Palheta com a presença de adultos e jovens. Os comentários revelaram preocupação com o movimento que ocorre desde a cidade Santo Antônio de Tauá “que está chegando aqui” enquanto a “vila Espirito Santo do Tauá” vem experimentando outras mudanças observadas com o desmatamento da floresta de várzea, matas e mangues, na contaminação da água, nas afetações da pesca artesanal, o extrativismo empresarial, os aprisionamentos por fazendas, por granjas. Em resumo, disseram que estariam ante um “progresso que traz impactos, ante projetos que vêm sem consultar”. Ainda afirmaram “e nós não queremos petrolíferas que vem sem consultar; a cartografia social pode mostrar formas de resistência, mas também mostrar a importância de nossa existência”. Foi comentado com insistência a contaminação do rio Tauá com rejeitos das fabricas de dendê e com glifosato usado para pulverizar as plantações da DENPASA. As ocorrências de contaminação são observadas com as granjas e fazendas. No igarapé Uxiteua realiza-se a observação direta de assoreamento.

Nesse período procedeu-se à elaboração de croqui, às entrevistas com pescadores, com uma mãe de santo, com professoras trabalho compartilhado com três egressos do curso de Etnodesenvolvimento/Faculdade de Etnodiversidade da Universidade Federal do Pará em Altamira. A elaboração do croqui e das legendas tiveram continuidade durante a semana em encontros do grupo. Na primeira semana de outubro a equipe de pesquisadores retornou para duas atividades: a exposição e debate do croqui (semifinalizado) e o curso de formação em ArcGIS.

O grupo manifestou grande interesse em um curso básico em ArcGIS para o qual tivemos a colaboração de Guilherme Teles Rodrigues, com formação de Técnico em Geodesia e Cartografia. O mini-curso foi seguido com grande interesse. De forma crescente, as experiências de auto cartografia constituem-se em práticas abertas de formação dos agentes sociais em consonância com os interesses e necessidades e este é o cerne do relato sobre as atividades realizadas na comunidade Espirito Santo de Tauá. Município de Tauá, Nordeste Paraense.

Algumas pessoas do Núcleo Guardiões do Tauá comprometeram-se a realizar o georreferenciamento do território, no qual inseria-se a ida até a ilha da Jorocá na foz do rio Tauá. Para a campanha de georreferenciamento identificaram-se mais de 25 pontos indicados ao longo das atividades. Entre estes os sete igarapés importantes para reprodução de peixes e camarão. Esses igarapés foram indicados como importantes para evitar a salinização do rio Tauá. Os debates indicaram a complexidade desse ecossistema que estará sendo refletida a partir das falas com observações acuradas e da busca de possibilidades do mapeamento social.

O Sr. Luiz Eduardo da Silva inicia o traçado do croqui de Espirito Santo do Tauá

Versão final do croqui do territorio tradicional de Espirito Santo do Tauá

O pescador Benedito Jardim Moraes recebe uma bússola dos pesquisadores do PNCSA e recebeu as instruções de Guilherme Teles Rodrigues sobre seu uso.

Primeiro resultado do minicurso do ArcGIS é observado por Ronaldo Barbosa quem seguiu as instruções de Guilherme Jorge Teles Rodrigues.

Participantes da atividade realizada em outubro. Exposição e debate do croqui e mini-curso de ArcGIS. Fotografia no lugar do antigo trapiche da vila Espirito Santo do Tauá. Em 2/10/2021.

Pesquisadores: Maria da Paz Saavedra, Elielson Pereira da Silva e Rosa Elizabeth Acevedo Marin.

Estudante de graduação convidada Bianca de Araújo Neves (Pedagogia/UFPA)

Entrevistas contaram com a colaboração de Adenilse Borralhos Barbosa.

Organização da oficina: Adriano Barbosa e Ronaldo Barbosa.

Elaboração da notícia: Rosa Acevedo
Fotografias: Elielson Pereira da Costa, Maria da Paz Saavedra e Rosa Acevedo

Artigo anteriorPANDEMIA E TERRITÓRIO: Museu da Amazônia recebe Nova Cartografia Social da Amazônia Próximo artigoViolências contra os Gamela no Maranhão