No último dia 23 de setembro foi lançado no Campus Universitário de Abaetetuba da Universidade Federal do Pará (UFPA), o mapa Etno Patrimonial do Baixo Tocantins no âmbito do I colóquio sobre Museus e Patrimônios étnico culturais do Baixo Tocantins. O mapa foi produzido a partir do esforço de articulação e interlocução entre pesquisadores do Museu do Baixo Tocantins e Minilaboratório de Cartografia Social (LABCARTS) do campus Abaetetuba em parceria com estudantes do curso Educação do Campo, Grupos de pesquisa da UFPA em diálogo com movimentos sociais dos municípios da região.
“Independências e museus: outros 200, outras histórias” foi o tema escolhido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) para a temporada de eventos socioculturais, a serem realizados durante a 16ª edição da Primavera dos Museus, entre 19 a 25 de setembro em todo o Brasil. Neste contexto, citamos o relevante papel de mulheres, africanas/os e quilombolas, povos originários, sertanejos, ribeirinhos de norte a sul do Brasil, nas lutas pela independência oficial do Brasil, como, ainda hoje, pela escuta, pela busca de respeito, reconhecimento e integração de suas culturas ao contexto nacional. Nas palavras do Professor Jones da Silva Gomes, coordenador do museu:
“Buscamos conexões entre espaços, temporalidades, histórias e experiências é um percurso a trilharmos, a fim de reconhecermos os inúmeros processos de independências no país, ao tomar como ponto de partida, a descoberta dos aspectos étnicos culturais da planície amazônica, trazendo à tona a defesa da diversidade cultural de povos originários, ancestralidades e imaginários, memórias e tantas outras formas de pensar e modos de viver, que ainda sim, reacendem outras histórias e vivencias, crenças e saberes, artes e fazeres. Neste sentido, aproveitaremos o ensejo para o lançamento do Mapa Étnico Patrimonial do Baixo Tocantins; ocasião em que o resultado de um trabalho, que em cooperação e sobre a coordenação do LABCARTS, toma o sentido de o ponto de partida para a construção imagética-estética-simbólica do nosso território Museal. A relação cartografia e museu, a qual como como se vê neste mapa do Baixo Tocantins, é muito diferente da visão do Estado moderno colonial. Traz um sentido de reencantamento do mundo, é o museu do encantado num mundo desencantado. Ou Como diria Emanuell Nassar sobre o brinquedo de miriti, o mapa mostra um Brasil submerso dos brinquedos de miriti, das parteiras, fazendeiras, matintas e pacocas, Benocas e Marias, dos aningais e miritis, Martinhos e matapis. É o rural no urbano, o rio no nascente a mata no poente, o museu trapiche, o trapiche é o lugar. O mapa do olhar. Cartografar é estar atento ao submerso.”
Os materiais representados no mapa e em exposição no museu do Baixo Tocantins, estão relacionados à memória social, a ecologia, a cultura material e imaterial do vale do Acará e baixo Tocantins, que para serem mais bem visualizados, foram representados em legenda à parte. Os Aningais merecem destaque no mapa, visto formarem um ecossistema com potencialidade para a reprodução da vida em comunidade, mas que se encontra em ameaça, devido a monocultura que tem se espalhado pela região.
Durante a programação também foi exibida, uma parte da produção do Projeto Nova Cartografia, que se encontra no acervo do Projeto no Campus de Abaetetuba, como mapas e boletins.
Por Eliana Teles