O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia vem manifestar repúdio a mais um episódio de violência contra os indígenas Gamela do Piauí. No dia 14 de janeiro de 2021, o juiz da comarca de Gilgués, sem levar em consideração a identidade indígena, determinou o despejo de Adaildo José Alves da Silva, que mora na comunidade Morro D’Agua, no município de Baixa Grande do Ribeiro, na região do Cerrado Piauiense.
A ação contou com a participação de um oficial de justiça, agentes da Polícia Militar e o Bauer Souto dos Santos, autor da ação de despejo, que ocorreu sem nenhuma notificação prévia. Nesta ocasião destruíram cercas e retiraram com violência os pertences da família. Adaildo foi obrigado a assinar a ordem de despejo, mesmo manifestando o seu descontentamento com a falta de aviso prévio e de defesa. À noite, o desfecho foi ainda pior. Queimaram a casa de Dorian Nunes da Silva, filho de Adaildo.
No dia 17 de janeiro de 2021, o grileiro autor da ação de despejo, foi até a comunidade e ameaçou de morte os indígenas.
Os indígenas Gamela realizaram a cartografia do seu território em parceria com o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia. Esta atividade resultou na produção do Boletim Indígenas Gamela no Cerrado Piauiense, que contém o mapa do território indígena invadido e devastado pelas fazendas do agronegócio e as narrativas de inúmeras ações de violência que vem sendo praticada contra eles ao longo dos anos.
Vale ressaltar que os Gamela estão sendo atacados pelos fazendeiros continuamente. Além de todas as agressões registradas no referido boletim, no dia 25 de junho de 2020, denunciamos o episódio criminoso que teve grande projeção pela crueldade do ato em plena pandemia. Neste dia foram derrubadas e queimadas as casas de Salvador, João e Jairo, que são indígenas Gamela da comunidade Barra do Correntim, em Bom Jesus (PI).
Caso a impunidade continue prevalecendo e não sejam tomadas as medidas necessárias para a proteção dos Gamela, alertamos que o conflito vai se agravar ainda mais, pois a falta de punição aos agressores e a morosidade das instituições estão motivando as ações de violência efetivadas pelos fazendeiros.
O território Gamela foi qualificado pela FUNAI em 2020, o que torna indevida a decisão de despejo proferida pelo juiz estadual.
Para conhecer a situação de conflito vivenciada pelos Gamelas no Piauí acessem o boletim neste link.