Nova Cartografia Social Da Amazônia

II Jornada Antropológica do Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia (PPGCSPA): Conferência de Roque de Barros Laraia sobre os Primórdios da Antropologia


A II Jornada Antropológica do Programa de Pós- Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia (PPGCSPA) ocorreu no dia 21 de março de 2017 com a conferência do professor Roque de Barros Laraia intitulada “Os primórdios da Antropologia Brasileira”.

Roque de Barros Laraia se constitui em uma referencia à antropologia brasileira com publicações como “Cultura, um conceito antropológico” e Indios e Castanheiros; . O autor participou diretamente da criação dos primeiros cursos de Pós-Graduação em antropologia do Brasil. Estudou e pesquisou junto a povos indígenas como Suruí, Urubu-Kaapor, Akuáwa-Asurini e Kamayurá.

Durante a conferência abordou as versões relativas ao início da antropologia no Brasil a partir da explicitação da constituição do campo intelectual desde final do sécuo XIX com Nina Rodrigues. Ressaltou o vínculo da antropologia nos seus primórdios com as ciências médicas e sua relação com a ênfase na noção de raça. Os médicos teriam tido um papel fundamental na história da antropologia, dentre eles citou Roquete Pinto, Arthur Ramos, Nina Rodrigues, Tales de Azevedo, Osvaldo Cabral, José Maria Fernandes e Genésio Rêgo.

A conferência abordou a criação das instituições de produção de conhecimento com destaque inicial para os Museus já que as universidades são criadas tardiamente. Destacou aspectos relacionados à criação das principais universidades, aos cursos de pós-graduação em antropologia enfatizando sempre as relações sociais em jogo e as principais temáticas trabalhadas no campo antropológico. Correlacionou a relação das instituições locais com as universidades estrangerias e com a vinda de pesquisadores do campo da antropologia para o Brasil. Teceu considerações sobre a vinda de Radcliffe-Brown para a Escola Livre de São Paulo e de Lévi-Strauss para USP destacando a trajetória de cada um dos autores.

Roque de Barros Laraia participou da primeira turma do Curso de Especialização em Antropologia Social do Museu Nacional nos anos 60. Destacou a relevância desse curso e salientou a transformação da disciplina que passou a se institucionalizar e substituir os autodidatas por profissionais com formação acadêmica na área. O autor vivenciou esse momento da formação da antropologia e sua conferência abordou aspectos pouco conhecidos dessa história como os autores lidos; as temáticas debatidas; as rotinas de estudo, a criação da Associação Brasileira de Antropologia (ABA).

O professor Roque Laraia falou sobre o que significava produzir ciência em um período de ditadura, explicitando em que medida a antropologia foi um refúgio para os intelectuais já que a perseguição maior dos militares era com a sociologia e a Ciência Política.

Eventos como a II Jornada Antropológica se constituem em significativos para a consolidação do Programa e para um reforço das temáticas debatidas em sala de aula. Estiveram presentes pesquisadores, representantes de órgãos oficiais, agentes sociais de movimentos sociais e de povos e comunidades tradicionais e estudantes de Graduação e Pós Graduação. Na palestra estavam presentes agentes sociais de Penalva, Cajari, Paço do Lumiar, Cajueiro e Alcântara.

O professor Alfredo Wagner, ressaltou a relevância da II Jornada Antropológica em reunir pesquisadores, agentes sociais de diferentes comunidades, professores e participantes do termo de cooperação Brasil-África. Fez uma saudação e declarou o apoio do PNCSA e de todos os pesquisadores referidos à rede que fundamenta o Projeto ao professor Horácio Antunes da UFMA que tem sofrido intensas ameaças por seu trabalho na comunidade Cajueiro, onde estão sendo realizadas oficinas de mapas.

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