Na Sede da Associação do Quilombo do Rosa se realizou no dia 26 de março de 2015 o lancamento do Fascículo 9 Quilombolas do Rosa. Esse ato iniciou com a apresentação do video maker contendo os registros fotográficos das oficinas, curso de GPS e trabalho de campo realizados em 2013. Posteriormente, todos os presentes fizeram sua apresentação. Os quilombolas do Rosa receberam a visita de senhoras da comunidade quilombola de Maruanum e São João de Maruanum II. A senhora Francisca Marcele da Silva, em representação do IMENA, esteve novamente acompanhando os trabalhos, pois ela participou na primeira reunião do Projeto, em 2013. Entre os convidados estavam a Senhora Maria Cristina Almeida, Deputada Estadual e ex-Superientendente do INCRA no Estado do Amapá; o senhor Maykon Magalhães, diretor Presidente do IMPROIR em companhia de sete funcionários da sua equipe. O público foi formado por estudantes e a professora Irislane Pereira de Moraes da UNIFAP. Com alegria tivemos a presença das crianças Gustavo Tenorio, Gabriel Ester Tenorio e Thiago Tenorio que se dedicaram em 2013 a apoiar os adultos na elaboração de legendas.
Na continuação do evento procedeu-se à leitura do fascículo e a cuidadosa revisão do mapa feita por José Erasmo Menezes Ester que destacou a informação para os mais novos que conhecem menos o território. Igualmente frisou os problemas recentes de ‘invasões’ na área recuperada da empresa AMCEL.
Na leitura do Fascículo 9 Quilombolas do Rosa se aprofundou o capítulo Reivindicações (p. 10 e 11). Maria Joelma Menezes Ester após a leitura dos dois primeiros paragrafos: “Titulação do Território Quilombola do Rosa” e “Proibir a emissão de documentos pelo Terra Legal” apresentou novas informações sobre como se encontra o processo no INCRA. Iniciou relatando que as três casas construidas pelos “invasores” que afirmavam ter direitos adquiridos pelo Programa Terra Legal foram derrubadas, seguindo as instruções da Policia Federal. Essas pessoas fizeram um registro de ocorrencia no CIOSP do bairro Novo Horizonte e passaram a exigir que os quilombolas do Rosa pagassem pelos danos. Maria Joelma Menezes foi ameaçada de prisão pelo delegado da CIOSP. Como esclareceu, eles em nenhum momento receberam Notificação ou Intimação por escrito, eram telefonemas com ameaças. Essa situação parou temporariamente pela intervenção da Policia Federal. Entrementes, o processo voltou para o INCRA, pois se tratava de decisão desse orgão, que determinou a não emissão de documento. Contudo, as invasões e as vendas de terra continuam, frisou Maria Joelma Menezes.
Também, continuam as ameaças e o desassossego. No ano passado, em um domingo quando todos se encontravam em reunião familiar entrou um carro no quilombo e quem dirigia apontou uma arma e fez ameaças a Maria Joelma. Rogério Rafael Baia Tenório – presidente da Associação dos Moradores e Produtores da Comunidade Remanescente Quilombola do Rosa – quando se encontrava no trabalho foi igualmente ameaçado. No quilombo do Rosa o clima é de tensão e temem por atos que poem em perigo as mulheres que ficam em casa ou se dirigem sozinhas até as roças, acrescentou a Vice-Presidente da Associação do quilombo do Rosa.
Sobre as noticias mais referentes, Maria Joelma Menezes comentou que esteve no INCRA duas semanas atrás e lhe foi dito que havia um “ponto favorável pois tinha mudado o responsável pelo Terra Legal no Amapá”. Igualmente os quilombolas de quatro comunidades do Amapá tiveram conhecimento pelo MPF de uma ação movida contra o INCRA por danos morais provocados pela demora na titulação. A palavra final de Maria Joelma foi: “o que nos resta, o que nos faz ficar aqui é a resistência!”.
No final foi franqueada a palavra para as autoridades. O senhor Maykon Magalhães frisou que o trabalho que estava sendo apresentado é muito importante, pois reafirma uma resistência do povo negro e considero a necessidade desse trabalho ser dividido com outros quilombolas do Amapá. Finalizou comentando a disposição dele e de toda sua equipe, presente no ato, de apoiar os quilombolas.
A deputada estadual Maria Cristina Almeida retomou o conhecimento das situações de ameaça de expropriação das terras do quilombo do Rosa -apresentadas no Fasciculo 9 e comentadas por Maria Joelma Menezes – e comento que durante o período no qual esteve a frente da Superintendência do INCRA no Amapá buscou meios para evitá-las. Em seguida teceu comentários sobre o conteúdo do fascículo e a relevância da fala e das leituras que foram feitas. Por último, fez uma proposição de inserir a fala dos Quilombolas do Rosa na sessão da Assembleia Estadual, da terça feira dia 31 de março de 2015, por considerar que esse conhecimento e visibilidade é fundamental. A proposta foi acolhida com entusiasmo por todos.
O ato foi encerrado com palavras de agradecimento e convitê para compartilhar do coktail oferecido pelos quilombolas, o Projeto Nova Cartografia Social e a UNIFAP, organizadores do lançamento.