A Exposição que se encontra em Marabá foi aberta ao público no último dia 22 de outubro. As fotografias, documentos, mapas, informativos das ações do projeto despertou bastante interesse do público. Quem visitou procurou conhecer mais a respeito do trabalho e o projeto, a partir indagações sobre o tempo em que vem sendo feito esse tipo de mapeamento, de suas publicações e atuações nas diferentes experiências cartografadas.
Para muitos a expressão foi de surpresa pela intensidade e diversidade do material exposto. A professora Célia Congilio, do curso de ciências sociais, manifestou que um trabalho grandioso e rico como este deveria permanecer por mais tempo em exposição, cujo prazo é ficar aberta a visitação até o próximo dia 26 de outubro.
Olhares de atenção circularam pela Exposição. Outra professora que esteve de passagem manifestou querer “ver um a um”, destacando a importância de ver detalhes desse trabalho, na sua opinião, muito necessário para se conhecer as diversas experiências sociais. Também, de antemão, manifestou conhecer o trabalho das quebradeiras no Tocantins e Piauí, mas, de longe sabia da existência das quebradeiras no Pará. Jailson, aluno do curso de geografia, ao visitar a Exposição, ficou bastante entusiasmado ao perceber entre as fotografias dos “Ribeirinhos e Ribeirinhas de Abaetetuba e sua diversidade cultural, Pará”, uma menina identificada como sua prima.
A representante das quebradeiras, Ana Cileide dos Santos, coordenadora do MIQCB no estado do Pará, disse que as quebradeiras participaram da cartografia, mas, em seguida alterou a colocação para o vocábulo está “inserida” na cartografia, o que sem dúvida denota o caráter da autocartografia e o protagonismo dos agentes sociais no processo de construção dos mapas, dos depoimentos como a própria Exposição Amazônia expressa parte dessa estratégia metodológica presente na cartografia social da Amazônia.
Ana Cileide enfatizou a história das quebradeiras e a mobilização através do MIQCB no Pará. A afirmação dessa história, é possível constatar, se faz importante a medida em que na fala de pessoas da região do sudeste paraense ainda é recorrente o desconhecimento sobre as quebradeiras no Pará. Assim, apenas apontando as quebradeiras dos estados vizinhos – Tocantins e Maranhão – e acabam por surpreende-se quando passam a saber da existência dessa categoria social mobilizada na identidade coletiva de quebradeira de coco babaçu. Portanto, Ana Cileide ressaltou o fato da presença das quebradeiras em quatro estados (Pará, Piauí, Tocantins e Maranhão) e da organização no MIQCB e na Cooperativa do movimento.
Também ressaltou os conhecimentos tradicionais nas experiências e práticas das quebradeiras relatando sobre os usos e produtos elaborados a partir do coco babaçu, como a farinha do mesocarpo e o azeite. Produtos que trouxe para comercializar no período da Exposição juntamente com o mel de arueira. Assim, depois de indicar as práticas e conhecimentos tradicionais das quebradeiras ela ainda refletiu sobre as ações devastadoras contra o babaçu com envenenamento das pindobas – pequenas árvores de babaçu – e a derrubada das palmeiras.
A professora Terezinha Maravilha moradora do Cabelo Seco, como é bastante conhecido o bairro que passou a se chamar oficialmente como Francisco Coelho, ressaltou a importância da cartografia realizada no bairro e do enfoque nos aspectos culturais das experiências situadas na história do bairro. E o quanto foi “gratificante” tratar dessas questões impressas na trajetória do grupo que pôde ser valorizada e orientar suas iniciativas nesse sentido. O que afirmar ser importante, sobretudo, no contexto atual enquanto ações estratégicas contra a violência urbana que têm crescido e atingido, principalmente, os jovens locais.
A abertura da Exposição foi acompanhada de música ao vivo e dentre o repertório o regional motivou a dançar o carimbó.
Nesta terça dia 23 a programação contou, pela manhã, com a participação da escola Maria Pereira, do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia alta Piranheira, município de Nova Ipixuna do Pará. Professores e alunos acompanhados de alguns pais trouxeram a experiência de educação ambiental na escola. Essa atividade foi organizada por Laisa Santos Sampaio que tem se empenhado intensamente na discussão da questão ambiental, sobretudo, a partir do assassinato de Maria do Espírito Santo, sua irmã e José Claudio. Ela argumenta que eles tinham frentes de atuação na militância em defesa da natureza. Por sua vez Laisa pela atuação na área educacional vê a educação como o meio de fazer frente às práticas danosas ao meio ambiente. Atividade que tem se engajado ainda mais intensamente após a morte da irmã e cunhado. Questão da qual exibiu um exceto de vídeo que mostra a defesa que os mesmo faziam da natureza.
Da educação ambiental e atividades na escola Maria Pereira, Laisa Santos trouxe dança do carimbo e uma performance teatral que tem como tema e fundo musical a “saga da Amazônia”, onde trata pescadores, castanheiro, camponeses que trabalhavam a terra, exercem práticas agroextrativas, mas, com a interferência dos grandes fazendeiros avançando com suas máquinas e com a destruição da floresta, dos rios e a grilagem já não podem fazer cultivos, pesca e coletar. A escola também apresentou desfile de roupas elaboradas a partir do uso de recurso naturais e materiais descartados na natureza, como plásticos, sacos de leite, de bombom folhas, bucha. E de um modo geral expressa a riqueza do trabalho que tem por foco a questão ambiental.
A Exposição continua com a programação e visitação até sexta-feira próxima, dia 26. Até lá as atividades seguem com debates, exibição de filmes nas temáticas sobre a região e os agentes sociais. O encerramento se dará com uma serenata, música, dança, performance teatral para tratar e celebrar a diversidade de experiências sociais.