Nova Cartografia Social Da Amazônia

Encontro no Terreiro de Mãe Nangetu, sede do Instituto Nangetu


Mãe Nangetu rodeada dos convidados.

Mãe Nangetu rodeada dos convidados.

Tarde de uma forte chuva de março em Belém. A segunda parte da programação foi agendada para o Terreiro da Mãe Nangetu, no bairro do Marco, onde também funciona o Instituto Nangetu da Tradição Afro-religiosa e Desenvolvimento Social.

Mãe Nangetu,  à direita  acompanha  a apresentação do toque de berimbau.

Mãe Nangetu, à direita acompanha a apresentação do toque de berimbau.

O grupo de quenianos foi recebido com um espetáculo agradável, novo para os visitantes, toques de berimbau acompanhado de cantos. Após as breves apresentações dos convidados, a anfitriã Mãe Mam’etu Nangetu Ua Nzambi falou sobre sua formação em Salvador, Bahia, sobre sua ancestralidade. Comento também os terreiros da cidade de Belém e as perseguições frequentes na década de 60 e 70. Deteve-se nas contribuições da Universidade Federal do Pará por meio dos professores Anaiza Vergolino e Arthur Figueiredo para organização da Federação Espírita e Umbandista dos Cultos Afro-Brasileiros do Estado do Pará. Citou a Nova Cartografia Social como uma contribuição relevante que tem publicizado os dramas vividos pelos terreiros e propiciado apoio constante aos seus integrantes.

O grupo aprecia os toques de berimbau e os cantos.  Victor, a criança, faz coro.

O grupo aprecia os toques de berimbau e os cantos. Victor, a criança, faz coro.

A resistência dos povos de terreiro é insistentemente destacada na fala de Mãe Nangetu. O desconhecimento, os preconceitos, a ausência de tolerância provoca as tensões e conflitos que os afro-religiosos enfrentam no Brasil. Cotidianamente, na cidade de Belém constatam situações que os privam de liberdade e diferentes tentativas para coibir suas manifestações. Mãe Nangetu relatou o tratamento desigual pela administração municipal que tem medidas de proteção para outras igrejas que se traduzem em isenções de impostos, enquanto os terreiros pagam impostos, em alguns casos, com aumentos que agravam as dificuldades. Tal medida dificulta a continuidade a existência das “casas”.

Após a merenda, os visitantes foram conduzidos pelo terreiro e receberam informações sobre as dependências, de rituais realizados e uma apresentação dos tambores.

No encontro contou-se com a tradução de Kerri Brown, doutoranda em Antropologia na Universidade Metodista de Texas. O encontro foi documentado integralmente por Simone Araújo para as memórias do Instituto Nangetu.

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