O curso de extensão universitária com quebradeiras de coco babaçu ocorreu nos dias 30 e 31 de março e 01 de abril de 2016 e foi realizado no âmbito do “Projeto Cartografia Social dos Babaçuais”, projeto este relacionado ao Programa de Pós-graduação em Cartografia Social e Politica da Amazônia e ao Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – PPGCSPA – UEMA. Participaram 30 mulheres quebradeiras de coco babaçu associadas ao Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB, om atuação nas regionais dos quatro Estados em que este movimento está presente, como o Maranhão (Regionais de Imperatriz, Baixada Maranhense e Cocais no Mearim); Tocantins (São Domingos do Araguaia, São João do Araguaia- PA 21 de Abril); Pará (Sudeste do Pará) e Piauí (Esperantina e São João do Arraial – Comunidade São José).
O curso teve como objetivo proporcionar troca de informações especialmente voltadas para os processos históricos, econômicos, sociais, políticos, tanto do babaçu quanto do movimento relacionado ao babaçu. Desde período de elaboração do mapa “Guerra ecológica nos babaçuais” não ocorre um curso voltado para mulheres do movimento das quebradeiras de coco babaçu. O curso ainda propiciou uma reflexão acerca dos aspectos históricos e como o babaçu está inserido nesse contexto, como aconteceu no caso do Programa Grande Carajás no sudeste do Pará. Bem como buscar nas estratégias econômicas e políticas relacionar aspectos jurídicos ligados ao movimento.
Contou como professor responsável, o Professor Alfredo Wagner Berno de Almeida com colaboração dos professores e pesquisadores vinculados ao proejto: Profª Jurandir Santos de Novaes, Profª. Helciane de Fátima Abreu Araujo, Profº. Benjamin Alvino de Mesquita, da Pesquisadora Poliana de Sousa Nascimento e do Pesquisador Danilo Cerejo. Participaram ainda, a Pesquisadora Bárbara de Sousa Cascaes e Bruna Raissa Caldas e alunos do PPGCSPA e da graduação em Ciências Sociais.
Com exposição de mapas “Guerra dos Mapas”, “Guerra do Carvão” e “Cartografia Social dos Babaçuais” em sala de aula, as mulheres se apresentam enfatizando a importância da luta em defesa dos babaçuais. Dona Maria de Jesus Bringelo, quebradeira e quilombola do município de São Luis Gonzaga – MA declara: “O babaçu é tudo da gente, é o pai, é a mãe, é a avó. Porque mesmo com a roça, é do babaçu que a gente sabe que pode tirar a nossa sustentabilidade”.
Ao se reconhecerem no mapa, as mulheres expressam os conflitos enfrentados e como se sentem diante das dificuldades vividas em seu cotidiano, de derrubada das palmeiras, expulsão das famílias de suas terras, instalação de empresas relacionadas ao babaçu, formação de fazendas e, sobretudo do avanço do agronegócio, que são dentre outras, ameaças à existência social e politica das quebradeiras. Os processos históricos que são atualizados foram apresentados e debatidos à luz de pesquisas, de literatura pertinente e em especial dos relatos e da interação das mulheres quebradeiras de coco: Dona Francisca Pereira Vieira (quebradeira de coco babaçu de Buriti do Tocantins- TO) se expressa de forma contundente: “É uma pedaço da gente que vai embora”.
Pesquisadores ministrando curso com quebradeiras de coco babaçu
Por: Jurandir Santos de Novaes e Poliana de Sousa Nascimento
Fotos: Bárbara Cascaes, Jurandir Novaes, Poliana Nascimento e Bruna Caldas.