Nova Cartografia Social Da Amazônia

CASAS DE INDÍGENAS GAMELA SÃO DERRUBADAS E QUEIMADAS NO CERRADO PIAUIENSE


Os Gamela da comunidade Barra do Correntim, em Bom Jesus (PI), denunciaram mais um ato de violência. Desta vez foram derrubadas e queimadas as casas de Salvador, João e Jairo, que pertencem a esta comunidade. As lideranças indígenas afirmam que o ato foi praticado no dia 25 de junho de 2020 pela polícia, que até o momento não informou o motivo dessa agressão.

 

De acordo com uma liderança, que por questão de segurança não vamos revelar o nome, a ocorrência pode estar relacionada à mais um caso de grilagem de terra. Ele afirma que: “O comandante que foi lá para a queimação das casas foi o cabo Cavalcante. Então, qual o juiz que mandou? Nós não sabemos. Durante essa pandemia não tem juiz para autorizar eles irem para lá. O documento do rapaz que está fazendo essa questão é adulterado. O documento da mãe dele era de 40 hectares, agora ele apareceu com um documento de 5.018 hectares, tirando o direito dos que são nascidos e criados no lugar. Aqui, eles (policiais) são viciados em fazer isso, ganham propina para derrubar a casa do pessoal e queimar”.

Situados na área de atuação do MATOPIBA, este povo vem sofrendo um processo histórico de expropriação territorial, que foi intensificado pela instalação da agricultura empresarial no Cerrado. Nos últimos anos, os pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia vêm acompanhando a situação. A relação de pesquisa estabelecida resultou na produção do Boletim Indígenas Gamela no Cerrado Piauiense, que contém o mapa do território indígena invadido e devastado pelas fazendas do agronegócio. A vegetação nativa continua preservada apenas nos locais onde vivem os indígenas e os demais povos do Cerrado. Além do mapa, são apresentados inúmeros relatos das agressões sofridas, tais como grilagem de terra, escolta armada de fazendeiros, ameaças de morte, uso excessivo de agrotóxico, envenenamento dos recursos hídricos, confinamento nos baixões, expulsão dos roçados a tiro, proibição de deslocamento e ameaça de morte.

Os indígenas informaram a ocorrência ao Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia e apresentaram a denúncia à Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e à Defensoria Pública da União (DPU), com o pedido de que sejam identificados e punidos os praticantes do delito. Para eles, a demarcação da Terra Indígena precisa ser efetivada, pois é a única forma de conter os ataques e resolver os conflitos existentes.

Para conhecer a situação dos Gamela no Cerrado piauiense acesse:

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