Mapa da Região Ecológica do Babaçu é apresentado pelos pesquisadores e movimentos sociais.
Como um dos principais resultados da pesquisa do Projeto Cartografia Social dos Babaçuais: Mapeamento social da região ecológica do babaçu, o Mapa da Região Ecológica dos Babaçuais foi lançado no dia 15 de julho de 2015, na UEMA, em São Luis (MA). O Mapa é resultado de um esforço de pesquisa sobre a incidência do babaçu em quatro Estados brasileiros – Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins – e da extensão, atuação e representação dos movimentos sobre o uso do babaçu. O Mapa produzindo no Laboratório Cartográfico do referido projeto é fruto de mais de um ano de pesquisa, que combina pesquisas anteriores e a construção de uma base cartográfica histórica desde o início do século, e bases cartográficas atuais produzidas no âmbito do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, como o Guerra Ecológica dos Babaçuais, o Guerra do Carvão, e um amplo conjunto de mapas situacionais específicos.
Participam desta pesquisa de forma direta 18 pesquisadores de universidades, como a UEMA, coordenação da Pesquisa, a UFMA, a UFPA, a UFTO, a UFPI e a UFSSPA. De forma direta participaram no trabalho de campo mais de 40 mulheres associadas ao MIQCB e outras entidades, como sindicatos e associações com atuação relacionada ao babaçu e às quebradeiras de coco babaçu.
A atividade ocorreu em dois locais. Teve início na UEMA, no centro histórico e teve continuidade na UEMA Cidade Universitária, no Prédio da Pós-Graduação no Programa de Pós Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia PPGCSPA com a exposição constituída de 15 mapas e acervo digital de mapas históricos apresentado com recurso audiovisual e materiais dos movimentos e produção do PPGCSPA.
A pesquisa aponta para a persistência e ampliação de babaçuais em contraposição a uma suposta redução desta espécie frente aos atos que visam a sua destruição, como o envenenamento, a derrubada, a queimada dentre outras modalidades de ação de agentes que vêm atuando há décadas para a sua eliminação.
Dona Francisca Silva Nascimento, quebradeira de coco no Piauí, que hoje coordena o MIQCB reflete diante do mapa apresentado, onde as quebradeiras de coco têm visibilidade, e se reconhcem: “Como é que o governo faz um mapa que não aparecem as Quebradeiras de Coco, os agricultores, isso é muito agravante”.
Um dos principais fatores de ameaça e destruição, da eliminação do babaçu é a monocultura, que torna as áreas uniformes, homogêneas a um alto preço social para as comunidades.
“Quando a cartografia chegou nós achávamos que estávamos livres do grande negócio, mas já chegou no Piauí, tem a plantação de cana-de-açúcar onde as famílias só têm o lugar de moradia. Nós estamos numa região chamada Cocais. No mapa está para o sul mas pode chegar para a nossa região também”.
Dona Eunice Conceição da Costa, da região de Imperatriz alerta: “A nossa luta agora é que onde havia rio hoje está seco por causa do eucalipto e do envenamento”.
Como isso se torna possível se houve aumento do desmatamento? Estudos apontam, e esta pesquisa evidencia em trabalho de campo com oficinas, reuniões, georreferenciamento em áreas específicas, encontros, ou seja, notadamente pelos dados de campo através dos movimentos, que reuniu cerca de 900 agentes em todas as atividades. A pesquisa coloca em debate a relação babaçu com o desmatamento e a ação de resistência dos movimentos.
A expectativa e a manifestação diante do resultado do trabalho expressa o reconhecimento do mapa como um trabalho em que se reconhecem, e foi manifestado por Dona Maria de Jesus Bringelo (Dona Dijé): “São Luiz Gonzaga não existe no mapa do Brasil, mas aqui no nosso mapa ele existe”.
O evento realizado conjuntamente como o MIQCB contou com a presença da comunidade acadêmica, entidades dos movimentos sociais, a Fundação Ford, que financia o projeto, ONG’s, dirigentes institucionais da universidade, jornalistas do coletivo Guardiães da Floresta, jornalista da UEMA e estrangeiros da Inglaterra – Adriana Brasileiro (Reuters- Agência da Inglaterra), David Hill ( The Guardian- Diário da Inglaterra); da Alemanha – Julia Bahr (Frankfurter Allgemeine Zeitung) e Nádia Pontes ( Deutsche Welle) dos Estados Unidos – Coimbra Sirica e Wanda Massiell Bauttista – (Burness) e Peter Guest (New Scientist).