Aos 75 anos, Eva Pinto Rebello não se intimida em limpar a casa, cortar lenha, cuidar da horta de ervas medicinais e ainda atender aos doentes que a procuram. No pequeno altar do quarto de casa, ela acende a vela, pega o rosário e um galho de arruda e começa as orações. O toque de suas mãos enrugadas já ajudou centenas de adultos e crianças nos últimos dez anos, quando começou a atividade de benzedeira.
Assim como dona Evinha, como é chamada, existem 294 benzedeiras já identificadas no interior do Paraná. Vêm das cidades de Rebouças e São João do Triunfo, ambas no Centro-Sul do estado, as primeiras leis municipais de que se tem registro no Brasil para o reconhecimento da atividade das benzedeiras. Na região também foi criado o Movimento Aprendizes da Sabedoria (Masa). “O movimento serviu como uma ferramenta para a articulação das benzedeiras, que não se comunicavam entre si e se sentiam acuadas pelo preconceito contra a atividade”, comenta Taísa Lewitzki, uma das coordenadoras.
A partir do mapeamento realizado pelo grupo foram identificadas 133 benzedeiras em Rebouças e 161 em São João do Triunfo. Em março de 2009, o estudo fundamentou a elaboração de uma lei na Câmara Municipal de Rebouças para o reconhecimento da atividade. Em fevereiro de 2012, o mesmo procedimento foi adotado em São João do Triunfo.
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