Nos dias 9 e 10 de outubro de 2021, na comunidade de Baixio dos Belos, em Curral Novo – PI, o Laboratório do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia/UFPI realizou a oficina de produção do mapa dos impactos da mineração e ferrovia Transnordestina, que foi solicitada pela Comissão Intercomunitária das Comunidades Impactadas pela Mineração. A Comissão Pastoral da Terra – CPT, que já vinha atuando na região, é parceira na realização desta atividade.
A Comissão Intercomunitária é um coletivo constituído por trabalhadores/as rurais e quilombolas das comunidades impactadas nos municípios de Curral Novo, Paulistana e Simões, no Piauí. As ameaças decorrentes dos grandes projetos motivaram a solicitação apresentada ao PNCSA, no dia 28 de janeiro de 2020.
Estamos sendo severamente ameaçados por grandes empreendimentos tais como a mineração, Transnordestina e projetos de usina eólica e solar. Nos últimos anos, as nossas comunidades têm se deparado com grandes desafios decorrentes dos projetos citados e acreditamos que a cartografia social será uma forma de fortalecer as nossa identidades coletivas, refletir sobre a nossa situação e defender os nossos territórios, que se encontram invadidos pelos projetos e grandes empreendimentos (Sandercleia – Carta da Comissão Intercomunitária das Comunidades Impactadas pela Mineração, 28/01/2020).
Devido à pandemia, desde então, a cartografia foi sendo articulada através de reuniões virtuais, visitas e coleta de dados sobre as histórias das comunidades e referidos empreendimentos, realizadas pelos próprios membros da comunidade, em diálogo com a equipe de pesquisadores.
Participaram da atividade 59 pessoas representantes das comunidades Alvação, Ariti, Assentamento Cachoeira, Baixio dos Belos, Caldeirãozinho, Curitiba, Lagoa do Ovo, Manga Velha, Palestina, Quilombo Garapa, São José, Serra Vermelha e Sítio Riacho, que ficam situadas nos municípios citados.
A oficina foi coordenada pelos pesquisadores Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento e Carmen Lúcia Silva Lima e contou com a colaboração de Fernanda da Silva Rocha (mestranda em Antropologia da UFPI) e Lyzandra Lopes Silva (graduanda em Ciências Sociais da UFPI). Da CPT, participaram Gregório Borges e Sebastião Santos, que trabalham ativamente no enfrentamento da mineração e apoiam a Comissão Intercomunitária.
Concomitantemente à oficina, foi realizado o minicurso Noções de Cartografia e Uso de GPS para 14 pessoas das comunidades listadas. Maria das Mercês Alves de Sousa, indígena Gamela e coordenadora da CPT, ministrou os conteúdos. Ela participou das capacitações oferecidas pelo PNCSA no mapeamento dos Povos do Cerrado e dos Indígena Gamela, na região do Cerrado piauiense, área de atuação do MATOPIBA. De posse dos conhecimentos adquiridos nestas formações, Mercês conduziu o minicurso com segurança e competência. O Laboratório do PNCSA/UFPI deixou os GPS com os participantes do minicurso, que, no momento, estão realizando a coleta de pontos das situações que serão representadas no mapa, conforme definição realizada na oficina.