Acontece em São Domingos do Araguaia no Pará,de 7 a 9 de fevereiro de 2019, o VIII Encontrão, com o tema “Mulheres Quebradeiras de coco: Resistência nos babaçuais”. O evento reúne cerca de 400 participantes. Com mulheres quebradeiras de coco babaçu das organizações que integram as sedes regionais (Pará, Piauí, Maranhão e Tocantins) do Movimento Interestadual das Mulheres Quebradeiras – MIQCB.
O VIII Encontrão teve início com apresentações das delegações regionais por estado e representações dos demais movimentos sociaise instituições. Com destaque para mesas com análises de conjuntura e atuação do movimento. Além dos Grupos de trabalhos, discussão da eleição do MIQCB, feiras de produtos naturais e artesanatos. Contando ainda com as místicas, cantos e homenagens a parceiros e às mulheres, destacadamente as lideranças falecidas, como Dáda, dona Dijé e dona Raimunda.
Participam lideranças das mulheres quebradeiras de coco babaçu, do Conselho Nacional dos Seringueiros – CNS. Entidades como defensores públicos e de articulações como Carta de Belém, Projeto Nova Cartografia Social, Grupo de Pesquisa Núcleo de Cartografia Social do Sul e Sudeste do Pará, APA-TO. Professores e estudantes da UNIFESSPA, UEMA,UEA, UFPA, UFT, entre outras.
O VIII Encontrão se marca como momento político, na história do MIQCB e da luta social, sendo a primeira vez que acontece no Pará. Dessa maneira, assume importante espaço também como ato que assinala sua atuação no Sudeste do Pará. Estado que por vezes tem sido invisibilizado na existência do movimento e das quebradeiras de coco babaçu.
No dizer da equipe de pesquisa do Mapeamento social com elaboração da cartografia da região ecológica dos babaçuais, coordenado por Jurandir dos Santos Novaes e atuação da professora Rita de Cássia Costa e Cristiano Bento,no sudeste do Pará: Estas são áreas em processo de expansão. O que se aplica a esta região,na medida em que processos de pesquisa, de reconhecimento e afirmação política das quebradeiras de coco babaçu têm levado mulheres cada vez mais a mostrarem interesse e se aproximarem da experiência do movimento interestadual e de auto-organização em suas localidades. Mesmo aquelas cujas práticas de quebrar coco faz parte da vida e do cotidiano, mas não se encontram constituída em movimento. Sendo que algumas delasparticipam deste VIII Encontrão.
A atuação das mulheres quebradeiras coco babaçu se marca pela defesa, acesso e preservação aos recursos naturais, o que colide com interesses opostos, sobretudo, em momentos da elevação dos preços das comanditeis e de atividades como as minero-metalúrgicosquais geram pressões sobre a natureza a fim de produzir mais e intensamente para atender o mercado. Com isso os critérios de segurança são fragilizados com implicações socioambientais e graves ameaças. Eepisódios como o rompimento das barragens de rejeitos de Fundão, em Mariana e, Feijão em Brumadinho, ambas em Minas Gerais, são consequências desse processo com grandes impactos socioambientais.
Fotografia: Cristiano Bento, Gilberto Mendonça, Rita Costa