Nova Cartografia Social Da Amazônia

INSTITUTO NANGETU DE TRADIÇÃO AFRO-RELIGIOSA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL: DIREITOS HUMANOS, ALEGRIA E BELEZA NA COMEMORAÇÃO DE TRINTA ANOS DE AFRO-RELIGIOSIDADE E RESISTÊNCIA


Mametu Nangetu Ua Nzambi divulgou convite especial para participar da cerimônia Makumiatatu Muvu Ria Mansu – festividade dos 30 anos do Terreiro no dia 1 de dezembro de 2018. Ao completar os 30 anos de abertura do Mansu Nangetu Bantu Kuenkue . Neste evento diversos rituais foram praticados e dezenas de pessoas acompanharam extasiados.

A entidade Nanã fez sua entrada no salão e todos saúdam em louvação ao Orixá-guia da casa.

Em diversos atos, reuniões, seminários, eventos, os pesquisadoras e pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social temos compartilhados dos conhecimentos, da sabedoria e das energias de Mãe Nangetu. Participar dessa comemoração, festa e devoção nessa data, que marca o “nascimento” do Terreiro da Mãe Nangetu, inaugurado no dia 01 de dezembro de 1988, significou reforçar as relações de confiança e a admiração por esta sacerdotisa que integra práticas de afro-religiosidade e de resistência diante posições e gestos de intolerância e violência contra os povos de matriz africana.

Na Festa os gestos dos presentes evidenciavam profunda emoção, devoção, convicção e encantamento ao ouvir os atabaques, os cantos, os movimentos dos corpos nos atos de saudação e reverencia. Também esses corpos em balanço e giro os quais demarcam cada movimento e reverência ás divindades e as imagens simbólicas e pontos firmados no espaço vivido que se organiza o terreiro. Tais territorialidades demarcadas em seus solos sagrados os quais ultrapassam a porteira do terreiro e delimitam a natureza viva do espaço urbano que o cerca.

No terreiro enfeitado, com predomínio das cores branca e azul estiveram Pais e Mães de Santos de outras Casas, convidados de fora de Belém. Os Pais e Mães de Santos vestem de branco. Mas são elas, entrando vestidas de vaporosos vestidos branco e turbantes que produzem sensação de deslumbramento profundo.

Do lado esquerdo, os tambores e alguns tocadores desse instrumento preparados para a cerimônia aguardam início da cerimônia.

A entrada das Mães e Pais de Santo é recebida pelos presentes que ficam em pé para acompanhar o cortejo.

Mãe Nangetu ocupa a posição principal na festa.

As danças e cantos entoados produzem recolhimento dos presentes imobilizados pelo ritual.

As saudações e bênçãos são recebidas por todos. Na foto acima capturou o momento do toque para Ogum em que todos devem se posicionar em reverência, logo depois baixaram os Erês (a divindade intermediária entre a pessoa e o seu orixá. Carrega em seu arquétipo a pureza e a iniciação à vida, assim como as crianças) “baixam” nos iniciados, no candomblé de Angola chamado de Muzenza, são acompanhados por uma Kota, que é equivalente uma ekedi do Candomblé Ketu, segundo informa Taata Kalepensi (Vítor Gonçalves), filho de santo da casa (Mona Nkisi) desde 2013, ogã e responsável em cuidar das folhas/ervas usadas no terreiro ( Taata Kisaba).

A cerimônia das folhas sagradas que são espalhadas no chão do terreiro e jogadas nas cabeças de todos os presentes como uma forma de benção, boa sorte, prosperidade e saúde.

A cerimônia das folhas sagradas que são espalhadas no chão do terreiro e jogadas nas cabeças de todos os presentes como uma forma de benção, boa sorte, prosperidade e saúde.

Cantos e danças prolongaram-se por várias horas e neles se incorporavam os que vinham para compartilhar a festividade.

Na segunda parte do ritual a Orixá Nanã estará presente no grande Salão da Casa.

E seguindo Nanã apresentam-se manifestados outros orixás nos iniciados da casa: As Iemanjás e as Matambas ( Iansã).

Na foto abaixo do lado esquerda manifestação de Iemanjá na filha de santo da casa (mona Nkisi), a Nazica, Mametu Kutemoji que tem a função de Mametu Kafumbera, responsável pela cozinha, pagando obrigação de 3 anos a sua “adjunto” Iemanjá. Na imagem à direita temos uma outra manifestação de Iemanjá de outra qualidade da foto ao lado. Trata-se de uma Iemajá mais velha, chamada de Semba Kalunga, segundo informa Taata Kalepensi. E em seguida, ainda na mesma imagem, tem manifestada uma Matamba (Iansã) de qualidade diferente, vestimenta vermelha, da Matamba manifestada na foto do lado esquerdo, logo abaixo, vestimenta de cor laranja.

Entre as duas sessões do ritual Mãe Nangetu enfatizou o significado de 30 anos de existência do Terreiro e as lutas para receber respeito das práticas do Candomblé Angola no bairro, na cidade de Belém do Pará, comentou as perdas de Pais de Santos e da sua própria irmã. As expressões de agradecimento foram dirigidas a todos os presentes para compartilhar da alegria e beleza de sua festa de aniversário.

Mãe Nangetu na fase inicial do ritual.

Convite para a cerimônia no Terreiro Mãe Nangetu

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