Nesses anos que tivemos a alegria de compartilhar da amizade e confiança do Pai Luiz Tayando (Baba Tayando) as (os) pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia tentamos aprender a ouvi-lo atentamente e entender o sentido das suas palavras e gestos. Sempre tivemos sensações de emoção e deslumbramento de estar ao lado desse ser encantador e encantado. Entendemos que em diversos momentos o silêncio foi condição para estar na sua frente e seguir os rumos de sua conversação animada quando compartilhava conhecimentos, opiniões, projetos, desejos e fragmentos de sua trajetória de vida. As questões abordadas percorriam muitos temas. Uma das conversas foi sobre religiosidade e política, sobre Amazônia quando manifestou:
A religião só rezada ela é parece um sino sem badalo, ela precisa de ter uma militância, ela precisa que as pessoas entendam da luta. Eu vou adorar a Deus com todo amor e carinho e não vou ver os meus irmãos o que estão passando? É muito errado isso. Nós estamos em uma batalha muito grande, grandiosa agora nesse tempo desse golpe!
Nós precisamos gritar pra este homem que o que nós estamos fazendo aqui é lutar, pelo nosso patrimônio … um patrimônio valiosíssimo que não tem já em outros países, que nós temos aqui e ele aqui é nossa reserva… e ele pega e se desfaz de uma maneira tão ruim … vende…a gente não sabe pra onde vai o dinheiros…não interessa ?.. O problema é o patrimônio que vai … nós sempre discutimos a respeito da água. E junto com a água o cidadão que vai perdendo as oportunidades no seu local que mora; esta água vai acabar sendo levada pra um outro país… e nós o que vamos fazer?… então essas coisas eu acho que nós deveríamos estar discutindo… eu acho que é hora do Brasil acordar esse gigante que está dormindo não pode mais dormir … temos que acorda ele pra que ele possa em atividade combater toda essa lamuria
Nesta hora que Pai Luiz Tayandô está encantado para sempre nos aproximamos novamente de suas palavras e pensamos na sua luta pela vida, pela dignidade, pela plenitude da religiosidade e política. Sentiremos sua falta, mas estamos com sua força e vivacidade para perseverar no amor, na luta, na democracia neste Brasil.