Nova Cartografia Social Da Amazônia

Quilombolas dos Rios Arari e Gurupá – municipio de Cachoeira do Arari reunidos na oficina de mapeamento social


Com uma disposição especial 44 quilombolas dos rios Arari e Gurupá estiveram reunidos na oficina de Mapeamento Social cujo tema foi: Direitos territoriais, conflitos por recursos e mobilização social dos quilombolas dos rios Arari e Gurupá, município de Cachoeira do Arari, programada junto com a ARQUIG dentro das atividades do Projeto Mapeamento Social como instrumento de gestão territorial contra o desmatamento e a devastação: processos de capacitação de povos e comunidades tradicionais (UEA/INCS/BNDES/FUNDO AMAZONIA). Tal disposição procede de sua convicção de que os direitos étnicos e territoriais garantidos na Constituição Federal de 1988 (Artigo 68) e no Decreto 4887 de 2003, assim como o estabelecido na Convenção 169 da OIT (em especial artigos 2º, 14º e 16º) lhes devem ser reconhecidos pelo Estado brasileiro e suas instituições.

02-03

Grupo que esteve nas atividades da tarde do dia 30 de novembro de 2013 e posou as sombras de antigas mangueiras localizadas ao lado da sede da Associação de Remanescentes de Quilombo do rio Gurupá – ARQUIG

Os quilombolas dos rios Arari e Gurupá têm sido vitimas de prisões, torturas, diversos mandados de intimação pela delegacia de policia do município de Cachoeira do Arari acusados de roubo de açaí na várzea do rio Arari, desacato à autoridade. As denuncias destes inúmeros atos de violência física realizada por policiais civis e militares tem sido denunciadas junto ao Ministério Público Federal, Governo do Estado do Pará, Secretaria de Justiça do Estado, Corregedoria Militar, assim como a 6ª Câmara do Ministério Publico Federal em Brasília. No dia 19 de agosto de 2013 foi assassinado o Senhor Teodoro Lalor de Lima, presidente da ARQUIG, em situações não esclarecidas pela policia.

Desde dezembro de 2008 o grupo teve seu Relatório Histórico Antropológico concluído e entregue no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e a lentidão dos processos por esse órgão tem favorecido o acirramento da disputa pelas riquezas da várzea do rio Arari e os conflitos envolvendo os fazendeiros e os quilombolas.

A iniciativa de debater o desmatamento e da devastação vem desde 2011 quando o grupo examinou os atos que tem provocado a destruição da vegetação e citam a derrubada de 200 hectares que acabou com madeiras de lei, ação promovida pelos proprietários da fazenda São Joaquim. Hoje está área é conhecida por roçadão. Também, os quilombolas comentam sobre o criatório de gado na fazenda Caju que acaba com as plantações no Baixo rio Gurupá. No setor da Cabeceira a extração de área está provocando sérios problemas na vegetação e na fauna aquática.

Na oficina foram produzidos seis croquis e os grupos reconstruíram as formas de produção e organização social que foram brutalmente interrompidas com a expulsão de 75 famílias que viviam entre os igarapés Mucurutu e Caju, a mando dos fazendeiros Liberato Magno da Silva Castro e Rui Conduru. Essa malha era formada por 23 igarapés, todos afluentes pela margem esquerda do rio Arari.

Nas fotos abaixo, vêm-se os quilombolas divididos em equipes elaborando seus croquis:

03-03

Equipe do povoado Aracaju analisa o conteúdo de seu croqui.

04-03

Quilombolas do povoado Campinho no momento de elaboração do croqui. Ao fundo, a equipe do povoado Aracaju e Baixo Gurupá.

05-03

Na foto, a equipe do povoado Aracaju apresenta seu croqui.

06-03

Grupo que esteve nas atividades da tarde do dia 30 de novembro de 2013 e posou as sombras de antigas mangueiras localizadas ao lado da sede da Associação de Remanescentes de Quilombo do rio Gurupá – ARQUIG

 

Artigo anteriorDocumento entregue pelas lideranças indígenas ao MPF Próximo artigoDesmatamento ilegal de madeireiras na abertura de estrada ameaça povos isolados nas Terras Kaxinawá do Humaitá e Jordão