Desde o ano 2014, a ideia de um novo uso do antigo prédio da Escola de Pau Furado surge como um projeto coletivo. No mês de março daquele ano foi realizada na nova Escola a defesa de TCC de quatro quatro alunos do Curso de Etnodesenvolvimento da Faculdade de Etnodiversidade, Campus de Altamira da Universidade Federal do Pará – Maria José Alcântara Carneiro, Aline Milca Vaz Maciel, Meire do Socorro dos Santos, Aurino José da Conceição, Fernando Vaz do Nascimento e os quilombolas de Salvaterra festejaram por alto. A antiga escola passou a ser repensada por lideranças de Pau Furado como um espaço diferenciado para atividades artísticas planejada pelas suas associações e como lugar de convergência das 14 comunidades que formam o território quilombola de Salvaterra.
A iniciativa teve sequencia com carta dirigida ao prefeito do município solicitando a cessão do prédio para usufruto das comunidades quilombolas. A resposta foi recebida em 2017 pela Associação Quilombola de Pau Furado que iniciou a reforma do prédio e a mobilização voluntária de crianças, jovens e adultos para os trabalhos de pedreiro, carpintaria e pintura.
A coordenação dos trabalhos é de Maria José Alcântara Carneiro e de Eliane dos Santos Carneiro, elas têm visitado os quilombos para debater a ideia. Também fizeram aproximação com o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia para obter colaboração e entrar em conexão com o Projeto Centro de Ciências e Saberes: experiências de criação de Museus Vivos na afirmação de saberes e fazeres representativos dos povos e Comunidades tradicionais (MCTI/CNPq/SECIS). Embora este projeto tenha concluído administrativamente junto ao MCTI e CNPq, as atividades se desdobram por iniciativas como esta dos quilombolas de Salvaterra e apoio de pesquisadores do PNCSA. A professora Cristina Osashi – ICS/Universidade Federal do Pará, pesquisadora no campo da Antropologia da Saúde, quem escreveu sua tese com base em trabalhos de campo nas comunidades quilombolas de Salvaterra também está colaborando com entusiasmo. Além desses recursos os bingos e brechós tem permitido reunir dinheiro para os gastos com a obra de reforma. As doações de moveis, livros, objetos e instrumentos de trabalho que são confeccionados e usados cotidianamente encontraram lugar e novos sentidos no prédio, que sem esta iniciativa cairia em arruinamento.
A lista de colaboradores está em aumento e o que foi feito até o presente contou com o trabalho de dedicado de Eliane dos Santos Carneiro, Rosinaldo Monteiro Pereira, Maria José Alcântara, Roberto Santos Nazaré, Raquel Freire Leal (Bacabal), Luciano Gloria Salgado (Professor de Música da comunidade de Pau Furado e do quilombo de Caldeirão), Doni (Bairro Alto), Railsom, Robson, Rai, Antônio (Bacabal), Raul (Boa Vista), Maria Odineia Correia Carneiro, Ademir Correa Carneiro (Pau Furado).
O projeto de atividades está sendo elaborado com consulta as comunidades e busca de apoio na cidade de Belém para realizar cursos de música, cerâmica, artesanato, pintura, música, cinema, entre outros. A expectativa é realizar a inauguração no início do mês de agosto.