Nova Cartografia Social Da Amazônia

Oficina de Mapas em São Tome de Tauçu, Portel


24 02Fotografia dos participantes na Oficina de Mapas de São Tomé de Tauçu.

São Tomé de Tauçu é uma das comunidades quilombolas do município de Portel, Ilha de Marajó, que desde fevereiro de 2012 está na relação de pesquisa e de atividades de campo dos pesquisadores do Núcleo Pará para execução do “Projeto Mapeamento Social como instrumento de Gestão Territorial contra o desmatamento e a devastação: processos de capacitação de Povos e Comunidades Tradicionais”.

Naquele mês foi realizado o primeiro contato e, posteriormente, duas lideranças participaram no Encontro Regional de Macapá, em abril do ano passado. Também, em outubro um grupo maior esteve no Encontro Regional de Portel, destacando-se que ao final do Encontro todos os presentes visitaram Portel e se fez um treinamento de GPS dentro do barco, o qual foi facilitado pela Secretária Municipal. Em 2013 vieram a Belém, Neirevaldo Nascimento, atual presidente da Associação Remanescentes Quilombolas da Comunidade São Tomé-Tauçú ARQUICOSTT, acompanhado da profa. Elisangela Vasconcelos – SEMED – Portel, que participaram da reunião de pesquisadores no dia 23 de março, realizada em Belém, no Campus Profissional da Universidade Federal do Pará. A criação da Associação Remanescentes Quilombolas da Comunidade São Tomé-Tauçú ARQUICOSTT tem representado um grande empenho do grupo, de tal forma, que eles pagaram as despesas no Cartório de Portel com uma “grande farinhada”. A despesa do registro foi de R$ 930,00.

São Tomé de Tauçu tem 25 famílias e mais de 100 crianças, explicava o senhor Adailton Andrade. Com o desmatamento intensivo realizado pelas madeireiras conferem um fator negativo para sua existência. Observam a rarefação dos animais de caça e a pesca no rio Acutipereira, a alimentação tornou-se muito escassa. As severas situações de escassez desses alimentos tem provocado fome. Ainda, referem-se à epidemia de raiva causada pela mordida de morcegos, nove anos atrás. A fome e doenças (malária) associadas ao desmatamento das madeireiras estão na memória do grupo como dramas inesquecíveis.

Na oficina de Mapas foram elaborados três croquis relativos ao rio Acutipereira, com o conteúdo detalhado. Esta auto-cartografia contou com a mobilização de vários adolescentes.

24 03Jovens e adultos realizam a exposição do croqui.

As crianças, que tinham grande curiosidade no trabalho realizado na Igreja de Tauçu, foram convidadas a desenhar e colaborar descrevendo suas fontes de alimentos e os produtos mais consumidos. No dia 4 de junho eles foram convidados a fazer uma grande roda, quando se ensaiaram brincadeiras e cantos.

24 04Uma grande roda fez a alegria das crianças de São Tomé de Tauçu, no dia 4 de julho de 2013.

Nesta oficina participaram quilombolas de São José da Povoação (Curralinho) e de São Sebastião Cipoal, situada no rio Pacajá, município de Portel. Houve a exposição de fotografias que despertou muito a atenção do grupo. A equipe de pesquisa foi formada por Rosa Acevedo, Eliana Teles e Fabiana Carrão (pesquisadoras colaboradoras).

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