A oficina de Cartografia realizada no município de Curralinho, dias 2 e 3 de julho, em espaço da Sede Social da Colônia de Pescadores Z-37 de Curralinho, José Ribamar Araújo (Maranhão) foi gentilmente cedida pela presidência e teve na sua programação duas mesas redondas com a finalidade de debater questões sobre a atualidade dos povos e comunidades tradicionais no Arquipélago de Marajó. No primeiro tempo, o tema abordado foi “Quilombolas do Arquipélago do Marajó: titulação de território quilombola: obstáculos e estratégias de ação” com as falas de Maria de Fátima Gusmão Batista (Associação dos Remanescentes de Quilombo do Rio Gurupá – ARQUIG), Maria de Fatima de Jesus Souza (Associação de Remanescente de Quilombos Comunitários Extrativista do rio Mutuacá e Afluentes-ARQUIRMA), Haroldo Junior (Associação de Remanescentes do Quilombo de Bacabal, Salvaterra), Neirivaldo Nascimento (Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Tome de Tauçu, Guaracy da Silva Moreira (Quilombo São Sebastião-Cipoal) e Deonata Machado Ramalho (Associação de Quilombolas de Oeiras do Pará).
Participantes na Mesa: Maria de Fátima Batista, Deonata Ramalho, Neirevaldo Nascimento, Manoel do Socorro Nascimento dos Anjos, Maria de Fatima Souza, Haroldo Júnior.
O relato das experiências de conflitos com madeireiros, fazendeiros foi acrescida das tensões provocadas por políticas de ordenamento ambiental. Os expositores insistiram na necessidade de estratégias para reivindicar junto ao INCRA ações céleres para a titulação dos territórios e em especial a construção de uma unidade e frente de mobilização para o avanço de sua organização política.
O segundo momento foi dedicado às reflexões sobre as “Transformações socioambientais no Marajó: políticas ambientais e econômicas e os impactos sobre pescadores, extrativistas, quilombolas e agricultores” com as intervenções de Justa Pantoja, Professora da Comunidade de Três Bocas, membro fundadora da Associação de Remanescente de Quilombos Comunitários Extrativista do rio Mutuacá e Afluentes-ARQUIRMA, Gilvandro de Jesus Souza, Antonio Freitas (Resex Mapuá, municipio de Breves), João Fernandes Ferreira de Jesus (Projeto de Assentamento Agro-Extrativista da Ilha de Jupatituba) .
Na mesa Antônio Freitas, João Fernandes Ferreira de Jesus, Justa Pantoja, Gilvandro de Jesus Souza escutam as questões formuladas por Maria de Fátima Gusmão.
Os expositores elaboraram descrições detalhadas das restrições de uso de recursos que acirram as tensões e conflitos gerados com a criação das Resex de Mapua (município de Breves), Resex Terra Grande Pracuúba e Projetos Agroextrativistas a margem do rio Mutuacá, no município de Curralinho.
Os quilombolas e os extrativistas dedicaram-se nas sessões seguintes a autocartografar os territórios, organizando-se para produzir seis croquis e as respectivas legendas.
No primeiro plano, o grupo que autocartografou São Tome de Tauçu e São Sebastião Cipoal, ambas as comunidades localizadas no município de Portel. Em seguida, o grupo que desenhou o croqui do rio Mutuaca e seus afluentes. Na mesa, ao fundo, trabalharam os quilombolas da ARQUIG, município de Cachoeira do Arari e representação dos quilombolas de Oeiras do Pará. No lado direito, está o Sr. Haroldo Júnior, vindo do quilombo Bacabal, no município de Salvaterra.
O grupo representando os quilombolas do rio Mutuacá e seus afluentes elaborou um croqui representando este rio, desde suas cabeceiras até a foz no rio Pará, com especial riqueza de detalhes.
Na sequencia de fotos estão imagens capturadas das apresentações de croqui e a foto do grupo de participantes desta oficina.
Haroldo Junior apresenta o croqui Salvaterra e seus quilombos.
Tadeu Moraes apresenta o croqui do território reivindicado entre os rios Gurupá-Arari pela ARQUIG.
Manoel dos Anjos apresenta o croqui de São Sebastião-Cipoal, município de Portel
Neirevaldo Andrade descreve o croqui do rio Acutipereira com os detalhes do povoado São Tomé de Tauçu.
Os participantes da Oficina fizeram uma pausa para tomar a fotografia em grupo
Na oficina participaram funcionários da Colônia que solicitaram liberação oficial e a profa. Elisangela Vasconcelos, cedida pela Secretaria Municipal Estadual de Ensino–SEMED, Portel.
Nos dias da Oficina foi montada uma exposição com diversas fotos do Projeto Nova Cartografia Social que despertou a atenção dos visitantes da Sede Social da Colônia de Pescadores.