O Laboratório de Estudos sobre Ação Coletiva (LACC), com sede na Universidade de Pernambuco (UPE), coordenado por Vânia Fialho e Erisvelton Sávio, recebeu, como demanda de trabalho para os próximos meses, o desafio de realizar um mapeamento social, com a experiência da Nova Cartografia Social, da população trans e travesti, na cidade do Recife-PE e região metropolitana.
A solicitação do grupo de trans e travestis ocorreu, após se apropriarem de algumas informações sobre fascículos e conceitos do Projeto Nova Cartografia Social, por meio de conversas e pesquisa com grupos que haviam passado, ou estão em processo de produção cartográfica. Segundo os demandantes, as informações sobre o mapeamento social e a importância da mesma, ocorreram através de diálogo com outros grupos de comunidades tradicionais e agentes sociais, por meio de participação em eventos de pauta comum e/ou de redes sociais.
O primeiro contato de trans e travestis para exposição da demanda ocorreu com a coordenação do LACC, em uma conversa na casa de um dos participantes do movimento, onde estavam presentes representantes da comunidade trans e travestis de Recife. Durante o decorrer do diálogo foi posto o desafio de apresentar a comunidade trans e travesti, não como pacientes dos serviços de saúde, mas como pessoas que ocupam lugares sociais específicos na sociedade, com identidade e cultura próprias.
Da assertiva: “não somos só pacientes, somos pessoas”, foram expostas algumas necessidades de problematizações de cunho político, econômico e jurídico, em torno das questões do ser trans e travesti. Também, sobre como um mapeamento social pode ser utilizado como instrumento de visibilidade. Cartografia essa, com possibilidade ao término, de servir de aporte em aquisição e negociações de direitos, junto ao poder público e a sociedade majoritária.
Em um segundo momento, depois do contato inicial, dois integrantes do LACC, estiveram presentes, a convite, em uma reunião de um encontro do coletivo de trans e travestis, em uma sala disponibilizada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), na área central do Recife. Na ocasião, além de haver inserção junto ao grupo demandante, aconteceu a socialização da experiência do mapeamento social realizado com os times de futebol do bairro de Santo Amaro, até chegar à materialidade da cartilha propriamente dita.
O próximo passo, nessa empreitada, é uma reunião entre todos os componentes do LACC, com representantes demandantes da comunidade trans, travestis e suas respectivas associações. Assim, seguindo os rumos propostos pelo espirito das novas cartografias sociais, o grupo do LACC está motivado e empenhado, nessa “nova” demanda, que emana como possibilidade de mais um grupo a ser pesquisado, propiciando novas perspectivas para a compreensão da diversidade social e trazendo à tona outras formas de interações sociais.