Três Bocas, Cafezal, Santa Fé, Livramento, Boa Fé e Centro as margens do rio Mutuacá são alguns dos povoados referidos aos trabalhos de autocartografia, que se iniciaram no dia 27 de março, acompanhados pelas pesquisadoras Eliana Teles Rodrigues e Rosa E. Acevedo Marin. No sábado, 30/3 a oficina de cartografia realizada em São José da Povoação permitiu aos quilombolas refletir sobre suas reivindicações territoriais e destacar as formas de uso dos recursos florestais e faunísticos que experimentam mudanças aceleradas, primeiro com a implantação de quatro Projetos de Assentamentos Agro-Extrativistas e segundo com a decretação da RESEX Terra Grande Pracuuba.
Através das falas de lideranças e dos membros da atual diretoria da Associação de Remanescentes de Quilombos, Comunitários, Extrativistas do rio Mutuacá e Afluentes – ARQUIRMA – foram situadas as estratégias de construção de uma política de identidade, de organização enquanto comunidades políticas. Há nove (9 anos) foi elaborado o Estatuto da ARQUIRMA no qual foi estabelecido como território quilombola o rio Mutuacá e seus afluentes. Portanto, este processo é anterior aos Projetos de Assentamento Extrativistas (Pedrinha, Panacú, Jupatituba e Ilha das Araras – Convenio INCRA/SPU) e a RESEX Terra Grande Pracuuba no alto rio Mutuacá (ICMBio) os quais ameaçam romper com a unidade social e política que adquire força na identidade coletiva de quilombolas.
O projeto Mapeamento Social como instrumento de Gestão Territorial contra o desmatamento e a devastação: processos de capacitação de povos e comunidades tradicionais – Fundo Amazônia/BNDES iniciou as relações de pesquisa com os quilombolas, extrativistas, pescadores do rio Mutuacá e seus afluentes desde as noticias de 2011 de contaminação pelo mal de Chagas de varias famílias. Desde esse peíodo, várias lideranças têm participado dos Encontros Regionais e demais atividades do Projeto, que ocorreram em Macapá e Portel.
Com base nestas atividades realizadas foi possível retornar com as cartografias e dados georreferenciados que estão permitindo identificar novos problemas e conflitos socioambientais no Arquipélago de Marajó.
Em Boa Fé, leitura e análise do mapa com o Sr. Marcos Ferreira, descendente de Raimundo Ferreira, historiador, pajé do Centro do Mutuacá. A viagem foi acompanhada pela Sra. Justa Pantoja e Manoel Pantoja do povoado Três Bocas.
Na Igreja de Três Bocas foi realizada a oficina de Cartografia, com participação de convidados de Cafezal, a convite da Coordenadora da comunidade Sra. Justa Pantoja.
Na Escola EFM Fundamental Quilombola “São José de Povoação”, inaugurada em 2005 teve lugar a oficina de Cartografia. Na fotografia é registrada a exposição pelos grupos dos seus trabalhos. O primeiro segmento cartografado compreende de São José da Povoação até Três Bocas; o segundo da Foz do rio Mutuacá até São José da Povoação. O registro dos Projetos de Assentamentos Agroextrativistas mostraram situações de intensificação do desmatamento e pressão pelos recursos.
Quilombolas de São José da Povoação durante a palestra sobre o uso de GPS na oficina de Cartografia.
Membros da comunidade São José da Povoação durante a elaboração do croqui do território reivindicado.
Em São José da Povoação, os jovens participaram intensamente da oficina de Cartografia identificando os recursos do território e participando da elaboração dos croquis.