Os Povos Tradicionais da Região de Tucuruí reconhecem cotidianamente os efeitos da implantação da Hidrelétrica de Tucuruí. Durante 40 anos, eles têm vivenciado o desrespeito de seus direitos territoriais, étnicos e humanos por parte de gestores públicos e privados vinculados a esse empreendimento.
O Programa de Lançamentos das três publicações no sudeste do Pará (Bom Jesus do Tocantins e Tucuruí) relacionadas aos efeitos da Usina Hidrelétrica de Tucuruí expressam várias dimensões dos direitos violados na década de oitenta e mais recentemente com a construção da segunda etapa.
A categoria de “expropriado” tal como definido pelos movimentos sociais esteve representada diferenciadamente no Centro de Convenções: acampados, pescadores, expropriados, pequenos produtores rurais e moradores da cidade para o lançamento do Caderno 10 – Atingidos pela Hidrelétrica de Tucuruí e Fascículo 30 – Acampados no Acampamento João Canuto.
Na composição da mesa de abertura, coordenada por Esmael Rodrigues Siqueira estiveram presentes o Presidente da Associação das Populações Vítimas nas Obras no Rio Tocantins e Adajcências – APOVO, Odécio da Silva Monteiro, Vice- Presidente da APOVO; Odair Monteiro, pescador e membro da Colônia de Pescadores ZP – 32; Ademir Rufino Silva, Presidente da CPOCET; Antônio Manoel Venâncio, da Cooperativa de Expropriados de Breu Branco, conhecido como Sr. Bacabal; Armando Souza Mendes, do Acampamento Flor do Brasil; Ginaldo Francisco da Silva, da Associação dos Pequenos Produtores Rurais das Três Torres; Antônio Silva Leite, da Cooperativa dos Expropriados de Novo Repartimento; Raimundo Waldemir, do Acampamento João Canuto;Joao Evangelista Lima Oliveira, conhecido com João do Sindicato e de Jurandir Novaes e Rosa Acevedo Marin, pesquisadoras do PNCSA.
Esmael Rodrigues Siqueira inicia sua fala afirmando: “os expropriados não estão enterrados nem em sete palmos, menos em 14 palmos, como pretende a Eletronorte”, bem como criticou o não comparecimento das autoridades convidadas para este evento. Neste momento apresentou um balanço crítico das ações dos movimentos sociais associados à APOVO contra a Eletronorte e direcionadas à cobrança de direitos, o que se configura em um fato inédito na relação entre os atingidos e a Eletronorte, que pela primeira vez é acionada judicialmente. Destacou a ação na justiça comum que reivindica 40 milhões que deveriam ter sido destinados para as cooperativas criadas pela própria Eletronorte.
Na linha desse balanço crítico os expropriados expuseram suas lutas, sofrimentos e expectativas, que lhes conferem ânimo para resistir nestas quatro décadas em que muitos não desistem de reivindicar por seus direitos.
Encaminhamentos finais
No decorrer do ato de lançamento foi aprovada a elaboração de duas moções: uma relativa à regularização da terra ocupada pelos acampados no Acampados do Acampamento João Canuto; a outra em repúdio às autoridades convidadas ausentes deste ato. Argumentam os atingidos que esse seria o espaço público para estabelecer um dialogo aberto sobre uma lista de questões a ser resolvidas.
Ainda como desdobramento, as lideranças se reuniram para definir estratégias para continuar com a sua pauta junto à Eletronorte, bem como o acionamento de outros agentes em sua defesa.
Participaram como pesquisadoras do PNCSA, que desenvolvem pesquisa nessa região, as professoras Rosa Elizabeth Acevedo Marin e Jurandir Santos de Novaes.