Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente
Campus Vale do Rio Madeira
Este relatório é referente aos três primeiros meses de trabalho do projeto Mapeamento social dos povos e “comunidades” tradicionais no Vale do Madeira que integra o grande projeto Mapeamento social como instrumento de gestão territorial contra o desmatamento e a devastação: processos de capacitação de povos e comunidades tradicionais/ fundo Amazônia BNDES.
As atividades que foram planejadas junto ao Projeto do BNDS e que, ao mesmo tempo, foram repensadas dentro do Plano de Trabalho estão ocorrendo deste setembro. No mês de Setembro, iniciamos as reuniões com os Movimentos sociais, Associações, comunidades ribeirinhas, movimento dos “índios na cidade” e associações indígenas.
Resumo das reuniões:
Entre setembro e Novembro foram realizadas quatro reuniões com o Movimento dos “índios na cidade”. O objetivo foi tentar explicar as ideias gerais do Nova Cartografia Social da Amazônia e como as oficinas de mapeamento social poderiam possibilitar aos povos indígenas empoderamento e ao mesmo tempo, promover visibilidade frente a sociedade nacional. Com isso, aproximadamente sessenta indígenas de diversas etnias que moram em Humaitá participaram dessas reuniões. Em cada reunião, surgia sempre um representante de um grupo étnico diferente, nessas reuniões estavam presentes Parintintin, Jiahoy, Mura, Torá, Suruí, Munduruku, Apiaká, Chookó, Tenharim, Apurinã.
Finalizadas as reuniões preparatórias para as oficinas de mapeamento social, os povos indígenas presentes estabeleceram uma data para iniciarmos as oficinas. A data estabelecida foi a segunda semana de fevereiro de 2012.
Entre esses meses já mencionados, realizamos também a primeira reunião preparatória. Fomos convidados pela ASSOCIAÇÃO DO POVO INDÍGENA PIRAHÁ representado por José Augusto Pirahã, presidente da Associação para realizar oficinas de cartografia social junto a terra indígena Pirahã, este trabalho contou com a parceria da Funai regional do Vale do Madeira, em temos de logística . Segundo o presidente da associação, “os Pirahã se encontram numa situação social de conflito e invasão de seu território por pescadores profissionais, madeireiros e atravessadores de Castanha e Sova”. Os recursos financeiros para estas oficinas foram provenientes de um projeto de extensão “conhecendo os povos indígenas do Vale do Madeira” e também de um projeto da Funai “Levantamento etnoambiental da terra indígena Pirahã”. Realizamos uma reunião com o presidente da Associação e fizemos duas idas a campo. A primeira foi realizada entre os dias 25 de setembro até dia 04 de Outubro, somando dez dias de trabalho de campo. Nesta primeira viagem visitamos as cinco aldeias localizadas perto da BR 230, a Transamazônica, no Alto Maici. Fizemos georeferenciamento do território indígena junto com os pirahã localizando roças, castanhal, açaizal, abacabeiros, sova, tabocal, lagos, igarapés, lugares de caça, madeiras: copaíba, andiroba, pau-rosa e outras. Além disso, realizamos as oficinas de cartografia social junto com o povo indígena Pirahã.
Vale ressaltar que os pirahã vivem em moradias bastante simples, abertas, feitas de paus e cobertas com palhas em comunidades que raramente alcançam mais de cinqüenta pessoas. Vivem em oito aldeias principais ao longo do rio Maici e sofrem principalmente com a entrada de regatões pelo norte, pelo rio Marmelos, que aliciam seus produtos, principalmente castanhas e açaí em troca de cachaça e alimentos industrializados, geralmente em condições desfavoráveis – a troca desproporcional é favorecida pelo precário domínio que possuem da língua portuguesa e da matemática.
Na segunda viagem, entre os dias 04 e 15 de novembro, visitamos as “aldeias do baixo Maici” (localizadas na confluência entre o Rio Marmelos e a entrada do rio Maici). Nestas aldeias também fizemos georeferenciamento das aldeias e das formas de usos dos recursos naturais utilizados pelo povo Pirahã e também realizamos uma oficina de mapas sociais. Totalizando 21 dias de trabalho de campo na terra indígena, uma ultima viagem está prevista para o inicio de março de 2012.
Entre outros trabalhos, Foi também realizado reuniões na “comunidade Paraíso” próximo de Humaitá na responsabilidade da Professora Ednailda que integra o Núcleo de pesquisa de Humaitá. Está previsto para o inicio de fevereiro de 2012 as oficinas de mapeamento social. O espaço que a UFAM de Humaitá cedeu para a criação e implantação do núcleo mede 9,80 de comprimento por 5,70 de largura, ainda estamos esperando os equipamentos para estruturação do mesmo. Alguns trabalhos relacionados aos projetos do Núcleo foram apresentados em congressos e publicados em livros e revistas cientificas. A Professora Ednailda publicou um artigo referente a sua dissertação de mestrado no livro o “O fim do Silêncio” organizado pela professora Patrícia Sampaio da UFAM. O professor Jordeanes Araújo organizou o livro “Caminhos da pesquisa na Amazônia” que foi lançado na Bienal do Rio de Janeiro em Setembro pela editora Oficinas de Livros, publicou o artigo “As comunidades tradicionais e o programa zona franca verde (pzfv): cenários no sudoeste do Amazonas – Brasil”, na revista Millenium do Instituto Politecnico de Viseu Portugal n°41 v2 julho-dezembro de 2011.Apresentou o trabalho “Os usos sociais do termo “comunidade”: a comunidade de São Miguel e a comunidade Botos frente às políticas de Estado” na III Reunião Equatorial de Antropologia e XII ABANNE em Boa Vista.
Enfim, este breve relatório evidencia um momento de trabalho já bastante encaminhado e delineado a partir dos objetivos propostos do Núcleo de Humaitá. Representa um esforço intelectual e político dos pesquisadores do núcleo ao envolver-se com uma diversidade de conflitos que permeiam o sul do Amazonas.
Coordenação Local
Prof. Msc. Jordeanes Araújo
Prof. Msc. Ednailda Santos