A seleção do SENHOR recebe Braulino Caetano, o céu se alegra e o Cerrado e seus povos adormecem.
O CAA/NM está de luto!
Aos 79 anos de idade, na manhã deste domingo (23/11), despede deste mundo, Braulino Caetano, Diretor Geral do CAA/NM.
Gerazeiro e sócio fundador do CAA/NM , marcado por uma história de coragem, resistência e símbolo de justiça e da luta sócio ambiental. Nascido na zona rural de Montes Claros (MG), na comunidade Abóboras, desde sua juventude vivenciou a escravidão ao trabalhar por alguns anos numa fazenda, tendo como pagamento somente a comida. A partir deste contexto, de jovem inconformado com as injustiças, nascia ali um defensor de direitos humanos e da luta social, igualitária e pela dignidade dos seus povos. Em sua comunidade, contribuiu diretamente na organização local atuando na Associação comunitária e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros. Seu conhecimento e andanças pelo Brasil e países a fora foi expandindo. Ajudou a pensar e criar alternativas que amparassem o direito dos Povos e Comunidades Tradicionais, que promovessem sustentabilidade, agroecologia e a conservação do Cerrado, o que resultou na fundação do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas. Participou, do processo de sistematização da Constituição Federal de 1988, da criação da Rede Cerrado (que reúne ONGs de todo o bioma) durante a ECO 92 e da formulação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, onde assumiu a representação dos geraizeiros na Comissão Nacional. Conviveu com Chico Mendes na missão de defender o meio ambiente. Contribuiu na construção coletiva do projeto DGM Brasil, juntamente aos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
O reconhecimento de seu legado chegou em diversas instituições, comunidades, poder público e universidades, resultando em homenagens, como o recebimento do título honorário de Doutor Honoris Causa pela Unimontes em 2019, dentre outras.
🤠Como pessoa, como não lembrar do querido Seu Braulino? Um caboclo de chapéu na cabeça, com um jeito único e característico de expressar e posicionar suas ideias. “Pelo meno aqui assim eu quero falar pra companheirada”… Quando as palavras faltam, o “Cumé que chama” se tornava um termo para exemplificar as coisas e ali desembolava. Era leve, divertido e afetivo com a companheirada, da mesma forma, era firme em seu posicionamento, quando precisava batia na mesa e iria até o fim, sem desistir de seus objetivos. E, como gestor institucional, um verdadeiro líder, sábio, mediador, professor, sensível, acolhedor e que protegia e exaltava sua equipe como um bem mais precioso.
O sentimento é de tristeza e muita saudade, ao mesmo tempo, a alegria, gratidão e privilégio por cada ensinamento. Aos familiares e amigos, um fraterno e solidário abraço do CAA/NM, neste momento de dor. Que as forças Divina vos deem consolo e receba nosso companheiro com festa no reino celestial. 🙏🏼
Sua história é símbolo vivo da luta!
Seu Braulino é ETERNO! Braulino Caetano, PRESENTE! ✊🏽

