Os processos tecnológicos das quebradeiras de coco babaçu consolidados em formas organizativas
O livro “Quebradeiras de Coco Babaçu: Afirmação Identitária e Projetos Tecnológicos”, de autoria de Cynthia Carvalho Martins, resultado de uma pesquisa realizada entre os anos de 2009 a 2020 em diferentes unidades sociais dos estados designados de Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, analisa a relação dos processos tecnológicos com as estratégias de mobilização política das quebradeiras de coco. Nessas situações as dimensões econômicas e identitárias, tal como teorizado por Nancy Fraser, são indissociáveis, atualizando situações de resistência em face aos interesses meramente empresariais.
A diversidade de máquinas, inventadas pelas próprias quebradeiras de coco e por metalúrgicos locais, expressa a possibilidade de uso integral do babaçu, a partir da feitura do carvão das cascas, do mesocarpo, do azeite, assim como sabonete, sabão, óleo e outros produtos comestíveis e cosméticos. O livro analisa como as formas organizativas incorporam os diversos saberes de modo a potencializar as resistências às devastações, à queima do coco inteiro, ao envenenamento das pindobas e às formas de imobilização do trabalho. Essas diversas máquinas – cortadeiras, espinhas de peixe, forrageiras adaptadas, misturadeiras – sem eliminar a quebra manual com os machados, são expressão da detenção do saber quebrar o coco. A autora demonstra como o machado, ao contrário de expressar um passado, expressa uma atualidade, possibilitado a emergência de afirmações identitárias.
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